São Paulo, terça-feira, 27 de julho de 2004

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Diplomata é solto; mais estrangeiros são seqüestrados

DA REDAÇÃO

Um diplomata egípcio seqüestrado no Iraque na última sexta-feira foi solto ontem na embaixada em Bagdá, sem que nenhuma demanda para a libertação fosse cumprida, segundo o Cairo. Em contrapartida, mais quatro civis estrangeiros foram capturados.
Aos poucos, a insurgência vêm fazendo do seqüestro de estrangeiros uma de suas principais armas no pós-guerra e uma fonte de financiamento. Desde abril, ao menos 60 estrangeiros foram seqüestrados, 12 deles nas últimas duas semanas. Cerca de 20 seguem sob o poder de seus captores ou foram mortos.
Paralelamente, subiu no pós-guerra o seqüestro de iraquianos por criminosos comuns.
Para a insurgência, o seqüestro é barato e quase isento de riscos. Além disso, o uso de vídeos dos reféns, divulgados por redes de TV por satélite árabes, aumenta seu poder de intimidação e propaganda.
Outro efeito é solapar a reconstrução -no caso mais drástico, o seqüestro de um civil levou à criticada retirada da tropa filipina. Muitos estrangeiros passaram a evitar o país, e várias empresas encerraram suas atividades no Iraque. Quando as firmas ficam, seu serviço encarece até 65%, segundo empresários no país.
As vítimas dos últimos seqüestros anunciados são dois paquistaneses e dois motoristas jordanianos que trabalham para uma empresa de transportes do Kuait. Um motorista iraquiano que trabalhava com eles também foi capturado.
Um grupo identificado como Exército Islâmico no Iraque disse, num vídeo divulgado na TV Al Jazira, que os paquistaneses foram "condenados à morte" porque seu governo estaria negociando o envio de tropas ao Iraque. Já os Corpos Mujahidin, captores dos jordanianos, ameaçaram matá-los em 72 horas caso a empresa que os emprega não suspenda as operações no Iraque.
Num terceiro vídeo, os seqüestradores de um grupo de sete estrangeiros -três quenianos, três indianos e um egípcio- estendeu em 72 horas, pela segunda vez, o prazo para a empresa kuaitiana para a qual eles trabalham deixar o país. A empregadora, KGL, disse que todos estão bem e que negociações estão em curso.
O diplomata libertado ontem, Mohammed Mamdouh Helmi Qutb, disse que nenhuma exigência foi cumprida para sua soltura. Seus captores o pegaram porque o Cairo estaria planejando enviar assessores de segurança ao Iraque, mas o Egito desmentiu o plano.
Também ontem, em Mossul (norte), um carro-bomba explodiu perto de uma base dos EUA, matando três iraquianos, incluindo uma criança. Em Bagdá, um funcionário do Ministério do Interior e seus dois guarda-costas foram assassinados, e, em Basra (sul), duas faxineiras iraquianas, funcionárias da americana Bechtel, foram mortas quando insurgentes abriram fogo contra o ponto de ônibus onde elas estavam.


Com agências internacionais

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