São Paulo, terça-feira, 27 de julho de 2004

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ARGENTINA

Beliz, que estava na Justiça, afirma que agência de inteligência é poder paralelo e que o governo é "refém ou cúmplice"

Ex-ministro diz que Kirchner o humilhou e vê corrupção

CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

A primeira demissão de um ministro do presidente da Argentina, Néstor Kirchner, produziu também a primeira denúncia contra o governo. O ex-ministro da Justiça, Gustavo Beliz, demitido no sábado, acusou a Side, o serviço de inteligência, de armar um ministério paralelo e desviar fundos. O governo negou tudo.
Segundo Beliz, a Side "maneja um poço negro de recursos e é a instituição mais suja do Estado, mas ninguém quer reformá-la". Beliz disse que, em 2003, Kirchner aumentou os recursos da Side em 100 milhões de pesos (R$ 104,2 milhões) sem dar explicações. Ele afirmou que "o governo é refém ou cúmplice da Side".
O ex-ministro -demitido por desentendimentos sobre como lidar com a onda de protestos no país- alega que foi afastado porque queria reformar a Side.
Beliz foi ministro do Interior do governo de Carlos Menem (1989-99), mas deixou o governo em 1993, denunciando corrupção.
Beliz disse que o presidente Kirchner é autoritário e "humilha" seus ministros. "É difícil dialogar com Kirchner."
O chefe-de-gabinete de Kirchner, Alberto Fernandez, negou tudo e disse que o presidente "ficou incomodado". "Não entendo como ele [Beliz] durou tanto no governo sendo maltratado."
O presidente nomeou o procurador do Tesouro, Horacio Rosatti, como novo ministro da Justiça.
A Side está envolvida no desaparecimento de provas relativas ao atentado à Amia (Associação Mutual Israelita Argentina), em 1994, que deixou 85 mortos.
Não é a primeira vez que Kirchner é acusado de maltratar políticos e colaboradores. Recentemente, o governador da Província de Buenos Aires, Felipe Solá, disse que, quando estava negociando o repasse de impostos com Kirchner, o presidente o ignorava.


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