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ARGENTINA
Beliz, que estava na Justiça, afirma que agência de inteligência é poder paralelo e que o governo é "refém ou cúmplice"
Ex-ministro diz que Kirchner o humilhou e vê corrupção
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
A primeira demissão de um ministro do presidente da Argentina, Néstor Kirchner, produziu
também a primeira denúncia
contra o governo. O ex-ministro
da Justiça, Gustavo Beliz, demitido no sábado, acusou a Side, o
serviço de inteligência, de armar
um ministério paralelo e desviar
fundos. O governo negou tudo.
Segundo Beliz, a Side "maneja
um poço negro de recursos e é a
instituição mais suja do Estado,
mas ninguém quer reformá-la".
Beliz disse que, em 2003, Kirchner
aumentou os recursos da Side em
100 milhões de pesos (R$ 104,2
milhões) sem dar explicações. Ele
afirmou que "o governo é refém
ou cúmplice da Side".
O ex-ministro -demitido por
desentendimentos sobre como lidar com a onda de protestos no
país- alega que foi afastado porque queria reformar a Side.
Beliz foi ministro do Interior do
governo de Carlos Menem (1989-99), mas deixou o governo em
1993, denunciando corrupção.
Beliz disse que o presidente
Kirchner é autoritário e "humilha" seus ministros. "É difícil dialogar com Kirchner."
O chefe-de-gabinete de Kirchner, Alberto Fernandez, negou tudo e disse que o presidente "ficou
incomodado". "Não entendo como ele [Beliz] durou tanto no governo sendo maltratado."
O presidente nomeou o procurador do Tesouro, Horacio Rosatti, como novo ministro da Justiça.
A Side está envolvida no desaparecimento de provas relativas
ao atentado à Amia (Associação
Mutual Israelita Argentina), em
1994, que deixou 85 mortos.
Não é a primeira vez que Kirchner é acusado de maltratar políticos e colaboradores. Recentemente, o governador da Província
de Buenos Aires, Felipe Solá, disse
que, quando estava negociando o
repasse de impostos com Kirchner, o presidente o ignorava.
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