São Paulo, sexta-feira, 27 de julho de 2007

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Sarkozy quer reatores para países árabes

Líder francês é criticado pela Alemanha por vender equipamento nuclear à Líbia; França fecha venda de US$ 4 bi à China

EUA apóiam negócio francês com regime líbio; UE afirma que normalização dos laços com Trípoli ainda precisa ser ratificada pelos 27 membros

DA REDAÇÃO

Depois de assinar um acordo para a venda à Líbia de um reator nuclear para a dessalinização da água do mar, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse ontem que o Ocidente deveria confiar nos Estados árabes, fornecendo-lhes essa tecnologia para uso pacífico.
"A energia nuclear é a do futuro", afirmou, ainda em Trípoli, antes de seguir para Dacar, Senegal. "Se não dermos essa energia, como eles se desenvolverão? E se não o fizerem, precisaremos arcar com o ônus do terrorismo e o fanatismo."
Um dos assessores de Sarkozy, Claude Guéant, disse que a venda desses equipamentos pressupõe que o comprador aceite as regras internacionais.
O vice-ministro alemão do Exterior, Gernot Erler, disse que a venda do reator francês à Líbia era "politicamente problemática", pois "o risco da proliferação cresce". Já para o Departamento de Estado dos EUA a França "certamente ficará atenta para garantir o respeito às normas internacionais".

Nuclearização árabe
Em novembro de 2006 a AIEA (agência nuclear da ONU) disse que Egito, Argélia, Tunísia e Marrocos anunciaram a intenção de instalar programas nucleares civis. A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos também o fizeram.
Sarkozy, em sua turnê pela África, se comporta como um vendedor. A Areva, consórcio francês, é hoje o maior exportador mundial de reatores e equipamentos relativos ao ciclo de produção de combustível. Ela cresceu subsidiada pelo mercado interno-78% da eletricidade francesa é nuclear.
Ainda ontem, o jornal "Le Figaro" informou que a Areva fecharia na próxima semana a venda de dois super-reatores à China por US$ 4 bilhões.

Cautela da Europa
A Comissão Européia declarou ontem que vem sendo elaborado um documento com os procedimentos que os 27 países do bloco devem adotar para normalizarem suas relações com a Líbia. O texto deve ser aprovado em outubro, em reunião de chanceleres.
O órgão não criticou a França por se precipitar em premiar a ditadura líbia ante a libertação, nesta semana, de cinco enfermeiras búlgaras e de um médico palestino, injustamente presos naquele país por oito anos.
A Bélgica pediu que a UE fixe critérios rígidos de normalização, que condicionem Trípoli a respeitar os direitos humanos.


Com agências internacionais


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