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IRAQUE SOB TUTELA
Radical aceita proposta de moderado para que sua milícia abandone santuário e deponha armas
Líderes xiitas fecham acordo em Najaf
DA REDAÇÃO
O clérigo radical xiita Moqtada
al Sadr, líder de um levante que
transformou a cidade sagrada de
Najaf no local mais turbulento do
Iraque, aceitou um acordo de paz
proposto pelo maior líder xiita do
país, o grão-aiatolá Ali al Sistani.
O governo interino iraquiano
aceitou as condições do acordo de
cinco pontos, que prevê que Al
Sadr e sua milícia, o Exército
Mehdi, deixem o templo do imã
Ali e que as forças americanas se
retirem da cidade. O templo, onde
os insurgentes estão refugiados
desde a eclosão do conflito, é considerado o principal santuário para os muçulmanos xiitas e sua
avaria no conflito poderia alimentar um levante nacional.
"Avançamos três quartos do caminho para acabar com a crise",
disse Hamed al Khafaf, assessor
sênior de Al Sistani.
O grão-aiatolá moderado, que
tem 75 anos e convalescia em
Londres de uma cirurgia cardíaca,
foi a Najaf especialmente para
persuadir o clérigo radical a aceitar o acordo de cessar-fogo e pôr
fim a mais de três semanas de
combates. Ele deixara a cidade sagrada em 6 de agosto, um dia após
o início do confronto, que interrompeu dois meses de trégua.
Tentativas anteriores de acordo
com o gabinete do premiê interino Iyad Allawi haviam fracassado. Durante as negociações de ontem, as forças iraquianas obedeceram a um cessar-fogo de 24 horas ordenado por Allawi, e os
EUA suspenderam suas ações.
Segundo o assessor Al Khafaf,
Al Sadr concordou com todos os
pontos da proposta do grão-aiatolá. O plano determina que o
Exército Mehdi deveria deixar o
santuário às 10h (hora local, 3h
em Brasília) de hoje, e que as forças americanas deveriam sair da
cidade sagrada e entregar a segurança à polícia iraquiana. Em contrapartida, o premiê prometeu
anistiar insurgentes que deixem o
templo e deponham armas.
O acordo ainda avança em relação às tentativas anteriores ao determinar que Najaf se torne uma
zona onde as armas são proibidas
e que o governo interino compense as vítimas do confronto. O comando dos EUA contabilizou
mais de 400 insurgentes mortos,
mas não foi compilado por nenhuma parte o saldo de mortos
civis. Ontem, ataques a xiitas que
convergiam para Najaf a pedido
de Al Sistani e Al Sadr deixaram
74 mortos.
O Ministro de Estado iraquiano,
Kasim Daud, também anunciou
que o clérigo radical não será preso. Os EUA prometeram "capturar ou matar" Al Sadr diversas vezes desde abril, com base em uma
ordem de prisão citando seu envolvimento no assassinato de um
clérigo rival em 2003.
Jornalista morto
Os seqüestradores do jornalista
italiano Enzo Baldoni, 56, afirmaram ter matado o refém, informou a TV Al Jazira (Qatar).
O autodenominado Exército Islâmico no Iraque disse ter capturado o jornalista do semanário
milanês "Diário" e colaborador
da Cruz Vermelha havia sete dias.
Anteontem, o grupo exigiu a retirada dos cerca de 3.000 soldados
que a Itália mantém no Iraque
dentro de 48 horas.
Em abril, quatro italianos foram
seqüestrados no Iraque, e um deles, o segurança Fabrizio Quattrocchi, foi assassinado.
Com agências internacionais
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