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TRAGÉDIA
Caixas-pretas não confirmam tese de terrorismo; governo nega boatos sobre acidentes que mataram 89 na terça
Queda dos dois Tupolev ainda é mistério em Moscou
DA REDAÇÃO
O governo russo não conseguiu
ontem descartar ou oficializar a
versão de que o terrorismo foi responsável pela queda quase simultânea de dois aviões Tupolev na
noite de terça, em acidentes que
mataram 89 pessoas.
As caixas-pretas dos dois aviões
deixaram de funcionar antes da
queda e não trazem revelações
importantes, afirmou Vladimir
Yakovlev, encarregado pelo presidente Vladimir Putin de acompanhar as investigações.
Ele disse à agência russa Itar-Tass que atos terroristas continuavam na linha de frente das
suspeitas. Foi a primeira vez que
um alto funcionário do Kremlin
mencionou de modo tão aberto
essa possibilidade. Não há, entretanto, informações concretas que
respaldem sua afirmação.
O que há são boatos que alguns
jornais russos transcrevem sem
identificar a procedência ou a
consistência informativa.
É o caso do "Nezavisimaya Gazeta", que estampou ontem em
manchete: "A Rússia já tem seu 11
de Setembro", numa alusão aos
atentados de 2001 nos EUA. A reportagem foi considerada desprovida de fundamentos pelo Ministério dos Transportes.
Segundo a France Presse, a
mentalidade predominante entre
os russos tende à aceitação da
idéia de terrorismo. As décadas de
comunismo os tornaram desconfiados das versões oficiais. E é voz
corrente que não seria de interesse do Kremlin admitir um ato terrorista de separatistas islâmicos
da Tchetchênia, às vésperas das
eleições presidenciais de domingo na Província separatista.
A hipótese ganhou corpo porque, num dos aviões acidentados,
o TU-154 que voava para um balneário do Mar Negro, havia uma
passageira com sobrenome Djabrailova, comum aos tchetchenos. E seu corpo seria até agora o
único a não ter sido procurado
por familiares.
O ministro dos Transportes,
Igor Levitin, disse que investigará
o caso, mas não pressupõe que a
passageira tenha sido terrorista.
Deixou a hipótese em aberto.
Os que acreditam em terrorismo foram desarmados com o
abandono da versão de que o TU-154, pouco antes de cair, havia
emitido um alarme de seqüestro.
Na verdade, disse o procurador-geral russo, Vladimir Ustinov, o
alarme poderia merecer outras
interpretações, e na caixa-preta o
diálogo entre tripulantes não confirmava o seqüestro.
Com agências internacionais
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