São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Segundo Israel, Deif, no topo da lista dos mais procurados, provavelmente está morto; para grupo, ele está ferido

Israel ataca líder militar do Hamas em Gaza

DA REDAÇÃO

Disparos de mísseis feitos por helicóptero israelense em Gaza mataram dois membros do grupo extremista Hamas e feriram 27 pessoas -seis em estado grave. O alvo do ataque era Mohammad Deif, 37, líder da ala militar do grupo, segundo Israel. Porém o Hamas afirma que ele está vivo.
"Deif estava no carro, mas teve apenas ferimentos leves", disse o Hamas em comunicado oficial. Israel afirma que provavelmente o líder do Hamas tenha sido morto. Deif estava no topo da lista dos mais procurados por Israel.
De acordo com as forças de segurança de Israel, será preciso esperar entre 24 e 48 horas para ter certeza se Deif foi morto. Os disparos atingiram o carro em que ele estava. Os dois mortos eram seus assessores.
A ação israelense foi uma resposta ao recente atentado suicida em Tel Aviv, reivindicado pelo Hamas, que deixou seis mortos.
Anteontem, o grupo extremista disparou três mísseis Qassam, de fabricação caseira, desde a faixa de Gaza contra o território israelense. Ninguém se feriu.
O antecessor de Deif no cargo de chefe militar do Hamas, Salah Shehada, foi morto também em um ataque israelense. A ação, ocorrida em 23 de julho, deixou 15 mortos, sendo nove crianças.
Israel afirma que esses ataques são preventivos e visam eliminar terroristas que organizam atentados contra israelenses.
Abdel Aziz Rantisi, um dos principais líderes do Hamas, afirmou ontem que o grupo irá se vingar do ataque israelense. "O Hamas irá realizar novas operações de martírio [atentados" em Tel Aviv, Jaffa e Haifa", disse.
Os palestinos afirmam que os ataques preventivos de Israel devem ser classificados como terrorismo de Estado.
Uma menina de 14 meses foi morta ontem em Hebron após ser contaminada por gás lacrimogêneo lançado por forças israelenses contra palestinos.
Em Ramallah (Cisjordânia), continuou o impasse sobre o cerco ao quartel-general do presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat.
O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, afirmou que a ação é necessária porque os palestinos planejam "intensificar os ataques contra israelenses". Segundo o premiê, eles estariam se aproveitando de que agora os EUA pretendem atacar o Iraque e não querem entrar em choque com os países árabes para conseguir apoio na sua operação contra o regime de Saddam Hussein.
Os EUA fizeram nos últimos dias duras críticas ao cerco israelense a Arafat. No Conselho de Segurança da ONU, não utilizaram o poder de veto para impedir a aprovação de resolução da ONU exigindo o fim imediato do cerco. Os americanos são os principais aliados de Israel.
A ANP nega ter envolvimento com grupos terroristas e Arafat tem condenado sistematicamente todos os atentados.
Em Israel, Sharon tem sido alvo de críticas pela operação em Ramallah. Analistas afirmam que ela acontece em hora errada, pois a ANP dava sinais de que estava se reformando e de que forças alternativas a Arafat poderiam surgir.
O cerco teria servido apenas para fortalecer o líder palestino.
Em outros choques ontem, dois palestinos foram mortos.
Ao menos 1.569 palestinos e 601 israelenses morreram desde a eclosão da Intifada (o levante palestino contra a ocupação israelense), em setembro de 2000.


Com agências internacionais


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