São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

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SABOR CAPITALISTA

É o maior evento do tipo na ilha desde 59

Com milk-shake e batata frita, Fidel abre feira americana em Cuba

DA REDAÇÃO

Fidel Castro, 76, alimentando um pequeno búfalo de Minnesota, comendo passas da Califórnia e tomando milk-shake com batatas fritas foram imagens que marcaram ontem a abertura da maior feira agropecuária cubano-americana desde a Revolução Cubana, de 1959. Os EUA mantêm um embargo econômico contra a ilha caribenha há quatro décadas.
O ditador passeou pelo parque de exposições, que fica nos arredores de Havana, mas, por recomendação médica, evitou comer hambúrgueres nas lanchonetes montadas ao estilo dos anos 50.
"Pouco a pouco vamos superando as dificuldades", disse Fidel, aos ser questionado sobre eventuais iniciativas em Washington para levantar o embargo.
Os americanos estão representados por uma delegação de cerca de 800 executivos de mais de 280 empresas vindas de 33 Estados.
A delegação é liderada pelo governador de Minnesota (norte), Jesse Ventura, 51, um ex-praticante de luta livre que interrompeu a carreira no fim da década de 80 por supostos problemas de saúde: ele teria sido exposto ao tóxico agente laranja durante a Guerra do Vietnã.
Cultivando uma careca como marca registrada, Ventura fez carreira pública pregando o combate ao crime. Depois de ter sido prefeito de uma cidade média de seu Estado, foi eleito governador, em 1998, pelo Partido da Reforma.
"Nunca sonhei estar aqui em Cuba nem em ver tremular juntas as bandeiras de nossos países", disse Ventura. Para ele, a feira seria o "primeiro passo" para a normalização das relações entre Havana e Washington.
Não será uma caminhada fácil. O governo Bush se opõe a iniciativas de abrandamento nas sanções. Desde o ano passado, entretanto, Cuba já comprou cerca de US$ 140 milhões em grãos, frangos e maçãs dos EUA, dentro de uma política de liberalização do embargo que o Congresso americano vem implementando.
Gigantes da indústria alimentícia, como a Cargill, foram a Cuba com a esperança de ganhar um promissor mercado no futuro.
Para "seduzir" o consumidor cubano, os quiosques mostravam produtos-símbolo dos EUA que estão ausentes do país há mais de 40 anos: sucrilhos Kellogg's, chicletes Wringley e arroz Uncle Ben.
O otimismo quanto à eventual abertura de mercado, porém, não era geral. Segundo James Cason, chefe do escritório de representação dos EUA, "Cuba tem uma economia "Jurassic Park", que não poderia gerar dinheiro para pagar importações americanas".


Com agências internacionais

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