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São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2003

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AMÉRICA LATINA

Presidente colombiano diz que procurou Fidel para ajudar no processo de paz e nega favorecer paramilitares

Uribe vê pouca chance de reunião ONU-Farc

DA REDAÇÃO

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, disse ontem que há poucas chances de que um encontro entre a ONU e a guerrilha terrorista Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) seja realizado no Brasil para discutir a retomada do processo das negociações de paz, interrompido em fevereiro do ano passado.
Uribe pôs a culpa nas Farc, afirmando que a guerrilha marxista não manifestou até agora interesse em realizar um eventual encontro.
"A última informação que recebi da ONU indica que um encontro entre as Nações Unidas e as Farc no Brasil simplesmente não é mais baseado na realidade", disse Uribe, em entrevista.
O porta-voz e ex-negociador das Farc, Raúl Reyes, e o enviado especial da ONU à Colômbia, James LeMoyne, haviam trocado comunicações e seriam os prováveis representantes em eventual encontro no Brasil, que ofereceu seu território.
Um dos assuntos do encontro seria os civis sequestrados pela guerrilha, como a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt.
As Farc e a guerrilha terrorista ELN (Exército de Libertação Nacional) tentam tomar o poder na Colômbia desde 1964. O conflito tem provocado a morte de cerca de 3.500 pessoas todos os anos.
O direitista Uribe, que assumiu o poder há pouco mais de um ano, tem dito que irá derrotar os grupos rebeldes e intensificou as operações militares.
Ontem, ele disse que procurara ajuda do ditador cubano, Fidel Castro, para abrir uma linha de negociação com a ELN, mas sem sucesso.
Uribe disse que ofereceu libertar dois líderes da ELN presos, Felipe Torres e Francisco Galan, caso eles concordassem em "lutar pela paz", mas não disse qual foi a resposta deles nem quando a proposta havia sido feita.

Anistia
Na viagem que fará aos EUA na semana que vem, Uribe defenderá seu projeto de dar liberdade condicional a membros de grupos armados que concordarem com um plano de paz.
A iniciativa foi criticada por ONGs e, recentemente, por um grupo de 56 congressistas norte-americanos, que vêem um favorecimento aos grupos terroristas paramilitares, que combatem as guerrilhas marxistas.
Ao se referir à críticas dos parlamentares americanos, Uribe pediu que a comunidade internacional "não atravesse" a intenção do governo de desmobilizar os grupos ilegais.
"Pergunto aos colombianos e à comunidade internacional: por que não buscamos um consenso de projeto que nos ajudará a desmobilizar os paramilitares e amanhã poderia ajudar a desmobilizar a guerrilha?", questionou.
Para os críticos, o projeto apenas beneficiaria as Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), com as quais Uribe já tem um plano de paz.


Com agências internacionais


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