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São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Na hora dos disparos, o prédio hospedava Wolfowitz, subsecretário da Defesa; um coronel americano morreu

Hotel dos EUA em Bagdá é alvo de ataque

DA REDAÇÃO

O hotel Rashid, que fica no complexo mais bem guardado de Bagdá, onde vive boa parte do alto escalão civil e militar americano, foi atingido ontem por oito mísseis. No momento dos disparos, o subsecretário americano da Defesa, Paul Wolfowitz, estava no prédio. Ele saiu ileso do ataque, que matou um coronel americano e feriu 15 outras pessoas. Para os EUA, Wolfowitz não era o alvo da ação, mas sim o prédio.
Os disparos ocorreram às 6h15, horário local (1h15 em Brasília). Wolfowitz se preparava para tomar café da manhã com assessores e em seguida participar de reunião sobre segurança no Iraque.
"Esses ataques terroristas não nos impedirão de completar nossa missão, que é a de ajudar o povo iraquiano e se libertar de criminosos que praticam atos como este e proteger os americanos contra essa forma de terrorismo", declarou Wolfowitz horas depois, ainda sem se barbear e com uma roupa que vestiu apressadamente ao deixar o hotel.
O ato contra o prédio, construído pelo ex-ditador Saddam Hussein em 1983, não foi reivindicado. Ontem à noite, explosões de origem desconhecida foram ouvidas na mesma região da cidade. Segundo a Reuters, Wolfowitz já teria deixado o local.
O comando responsável pelo ataque ao hotel colocou uma bateria com 40 mísseis dentro de um reboque usado para o transporte de geradores. O reboque foi transportado por uma van até uma das alamedas do parque Zawara, onde também está localizado um zoológico. O comando acionou o relógio que deflagraria os disparos e deixou o local.
Foram disparados 29 mísseis de 68 e 85 milímetros, dos quais oito atingiram a fachada norte do Rashid. Outros informantes relatam que foram 20 os disparos. Eles provocaram danos materiais entre o terceiro e o 11º andar. Wolfowitz estava alojado no 12º do hotel, de 14 andares.
Em meio à confusão, o subsecretário foi imediatamente cercado por seguranças, retirado do edifício e transportado para um local não revelado.
O general Martin Dempsey, responsável pela segurança de Bagdá, disse que, apesar do ocorrido, as condições na cidade haviam "melhorado" nos últimos dias.
O militar argumentou que o subsecretário da Defesa não fora o alvo do ataque, já que a operação teria exigido semanas de preparo e fora planejada quando Wolfowitz, até ontem em sua segunda visita ao Iraque, não havia tornado pública sua agenda.
A mesma versão foi dada pelo Pentágono. Mas é também possível que os mísseis já estivessem prontos e que o comando só esperasse a presença de um personagem de alto escalão dos EUA. O fato de Wolfowitz estar Bagdá era notado por dois helicópteros usados por ele.
O ataque foi o segundo ocorrido durante a visita de Wolfowitz ao país -anteontem, um helicóptero de combate Blackhawk foi derrubado em Tikrit, pouco depois de o subsecretário ter deixado a cidade em um helicóptero.
As ações reforçaram a impressão de vulnerabilidade da presença americana no Iraque. Chega a 109 o número de militares mortos desde o final dos principais combates, em 1º de maio.
No Rashid, com o disparo dos projéteis, cerca de 200 hóspedes se precipitaram na direção do andar térreo, boa parte deles ainda de pijama e alguns ensanguentados pelos ferimentos de estilhaços de vidro ou desmoronamento do estuque em seus quartos.
Cerca de 20 minutos antes do atentado, a France Presse dissera que os serviços norte-americanos de inteligência previam que "um hotel de Bagdá" poderia ser alvo de um ataque terrorista.


Com agências internacionais


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