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IRAQUE OCUPADO
Na hora dos disparos, o prédio hospedava Wolfowitz, subsecretário da Defesa; um coronel americano morreu
Hotel dos EUA em Bagdá é alvo de ataque
DA REDAÇÃO
O hotel Rashid, que fica no
complexo mais bem guardado de
Bagdá, onde vive boa parte do alto
escalão civil e militar americano,
foi atingido ontem por oito mísseis. No momento dos disparos, o
subsecretário americano da Defesa, Paul Wolfowitz, estava no prédio. Ele saiu ileso do ataque, que
matou um coronel americano e
feriu 15 outras pessoas. Para os
EUA, Wolfowitz não era o alvo da
ação, mas sim o prédio.
Os disparos ocorreram às 6h15,
horário local (1h15 em Brasília).
Wolfowitz se preparava para tomar café da manhã com assessores e em seguida participar de reunião sobre segurança no Iraque.
"Esses ataques terroristas não
nos impedirão de completar nossa missão, que é a de ajudar o povo iraquiano e se libertar de criminosos que praticam atos como este e proteger os americanos contra essa forma de terrorismo", declarou Wolfowitz horas depois,
ainda sem se barbear e com uma
roupa que vestiu apressadamente
ao deixar o hotel.
O ato contra o prédio, construído pelo ex-ditador Saddam Hussein em 1983, não foi reivindicado. Ontem à noite, explosões de
origem desconhecida foram ouvidas na mesma região da cidade.
Segundo a Reuters, Wolfowitz já
teria deixado o local.
O comando responsável pelo
ataque ao hotel colocou uma bateria com 40 mísseis dentro de um
reboque usado para o transporte
de geradores. O reboque foi transportado por uma van até uma das
alamedas do parque Zawara, onde também está localizado um
zoológico. O comando acionou o
relógio que deflagraria os disparos e deixou o local.
Foram disparados 29 mísseis de
68 e 85 milímetros, dos quais oito
atingiram a fachada norte do Rashid. Outros informantes relatam
que foram 20 os disparos. Eles
provocaram danos materiais entre o terceiro e o 11º andar. Wolfowitz estava alojado no 12º do hotel, de 14 andares.
Em meio à confusão, o subsecretário foi imediatamente cercado por seguranças, retirado do
edifício e transportado para um
local não revelado.
O general Martin Dempsey, responsável pela segurança de Bagdá, disse que, apesar do ocorrido,
as condições na cidade haviam
"melhorado" nos últimos dias.
O militar argumentou que o
subsecretário da Defesa não fora o
alvo do ataque, já que a operação
teria exigido semanas de preparo
e fora planejada quando Wolfowitz, até ontem em sua segunda
visita ao Iraque, não havia tornado pública sua agenda.
A mesma versão foi dada pelo
Pentágono. Mas é também possível que os mísseis já estivessem
prontos e que o comando só esperasse a presença de um personagem de alto escalão dos EUA. O
fato de Wolfowitz estar Bagdá era
notado por dois helicópteros usados por ele.
O ataque foi o segundo ocorrido
durante a visita de Wolfowitz ao
país -anteontem, um helicóptero de combate Blackhawk foi derrubado em Tikrit, pouco depois
de o subsecretário ter deixado a
cidade em um helicóptero.
As ações reforçaram a impressão de vulnerabilidade da presença americana no Iraque. Chega a
109 o número de militares mortos
desde o final dos principais combates, em 1º de maio.
No Rashid, com o disparo dos
projéteis, cerca de 200 hóspedes
se precipitaram na direção do andar térreo, boa parte deles ainda
de pijama e alguns ensanguentados pelos ferimentos de estilhaços
de vidro ou desmoronamento do
estuque em seus quartos.
Cerca de 20 minutos antes do
atentado, a France Presse dissera
que os serviços norte-americanos
de inteligência previam que "um
hotel de Bagdá" poderia ser alvo
de um ataque terrorista.
Com agências internacionais
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