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AMÉRICA LATINA
Esquerdista é eleito prefeito em Bogotá, e elevada abstenção ameaça derrotar governo em referendo
Mesmo popular, Uribe sofre revés eleitoral
DA REDAÇÃO
Apesar da elevada popularidade -superior a 70%-, o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe,
de direita, sofreu uma derrota
eleitoral ontem em Bogotá e corria o risco de levar outro revés no
referendo sobre 15 medidas propostas pelo seu governo.
Na capital colombiana, o esquerdista Luis Eduardo "Lucho"
Garzón obteve 47% dos votos,
contra 40% do jornalista Juan Lozano, apoiado por Uribe. A Prefeitura de Bogotá é o segundo
posto mais importante do país.
Ex-líder sindical, Garzón, 52, é o
primeiro esquerdista a ser eleito
em Bogotá na história, o que o
torna um nome forte para a próxima eleição presidencial. Em
2002, ele foi derrotado por Uribe.
"Governarei Bogotá para os ricos, para os pobres e para os mais
pobres", disse Garzón após saber
dos resultados. Ele acrescentou
que sua administração não romperá com as anteriores, consideradas responsáveis pela modernização da cidade. "Minha gestão
será um complemento", disse o
prefeito eleito. O atual prefeito é o
filósofo Antanas Mockus.
Referendo
Já o referendo realizado anteontem terá o resultado divulgado
apenas na quarta ou quinta-feira,
segundo autoridades eleitorais.
Com 97,6% dos votos apurados,
os 15 itens propostos pelo presidente Álvaro Uribe foram aprovados, mas, como o comparecimento pode ter sido inferior ao
que manda a lei, o resultado pode
não ter validade.
A possível derrota fortalecerá
ainda mais a figura de Garzón,
que fez campanha pela abstenção.
Ele argumenta que as medidas
podem aumentar a pobreza.
Para ter validade, cada um dos
15 itens do referendo precisam ter
25% do total de votos dos eleitores inscritos, e não apenas dos que
compareceram às urnas.
Entre os que votaram, o apoio
às propostas de Uribe superou os
80% em quase todos os itens. Porém, com a elevada abstenção, nenhum deles conseguiu ultrapassar o patamar mínimo de 25% do
total do eleitorado inscrito.
Para 5 dos 15 itens propostos, o
total de votos se aproximou dos
25%. São eles: políticos que tenham cometido crimes políticos
não poderão ser eleitos nem designados para cargos públicos
(24,94%); a obrigação de os congressistas votarem publicamente
(24,64%); a eliminação de suplências (24,79%); o estabelecimento
de audiências públicas para a formulação do Orçamento (24,37%);
e a criação de um serviço independente para a administração
do Congresso (23,99%).
Por outro lado, vários itens importantes (e impopulares) estavam longe de obter aprovação no
referendo, como o congelamento
dos vencimentos e das aposentadorias de servidores públicos que
recebem acima de dois salários
mínimos por dois anos e a diminuição no número de cadeiras no
Congresso de 268 para 218.
O objetivo de Uribe com o referendo é diminuir os gastos públicos em cerca de US$ 7 bilhões ao
longo de sete anos e fazer reformas políticas.
"Respeito à democracia. Amor
à Colômbia. E disciplina para buscar soluções." Essa foi a declaração de Uribe logo após votar em
Bogotá ontem. Ele evitou comentar os resultados do referendo.
O ministro do Interior, Fernando Londoño, disse que poderá ser
feito um novo censo eleitoral. Os
povoados onde não houve eleições seriam eliminados do percentual total. Desse modo, ficaria
mais fácil para alguns dos itens
superarem os 25% necessários.
A oposição está afirmando que
a demora na apuração pode ser
uma tentativa do governo de fraudar o resultado. O tribunal eleitoral do país afirma que o atraso se
deve a "problemas geográficos".
O senador e ex-guerrilheiro Antonio Navarro disse: "As fraudes
sempre são cometidas com base
nesses últimos 3% da apuração."
E a senadora Piedad Córdoba, do
Partido Liberal, acrescentou: "Há
uma sombra de dúvida. Uma falta
de transparência. Está cheirando
a uma fraude."
Com agências internacionais
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