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RÚSSIA
Embaixador americano questiona motivações da detenção do homem mais rico do país, inimigo político de Putin
EUA criticam prisão de bilionário russo
DA REDAÇÃO
A prisão do empresário Mikhail
Khodorkovsky, considerado o
homem mais rico da Rússia, foi
duramente condenada por partidos liberais russos, que consideraram a ação como "um ato político". O embaixador dos EUA em
Moscou e economistas também
questionaram a detenção e disseram que pode haver prejuízos
econômicos para o país.
Presidente da Yukos -a maior
companhia de petróleo russa- e
com uma fortuna estimada em
cerca de US$ 11 bilhões, Khodorkovsky passou ontem a sua primeira noite na prisão em um
complexo penitenciário lotado.
Em um local onde cabem 2.500
pessoas, há mais de 3.500 presos.
Ele está dividindo uma cela com
outros cinco detidos.
"As medidas judiciais tomadas
contra Khodorkovsky são totalmente excessivas", disse Boris
Nemtsov, líder do partido pró-mercado União das Forças de Direita (SPS, na sigla em russo). "É
um ato de intimidação para mostrar a todos, do dono de supermercado ao de banca de jornal,
que possuir visões independentes
é perigoso na vida política e social", acrescentou.
Acusado de fraudes e evasão fiscal que giram em torno de US$ 1
bilhão, o empresário foi retirado
de seu jato quando ia levantar
vôo, em Novosibirsk, na Sibéria,
e, em seguida, levado para Moscou. A Yukos considerou "absurda" a detenção de seu presidente.
Depois de meses de embate pré-eleitoral com o presidente Vladimir Putin, a detenção de Khodorkovsky, sondado como candidato
a presidente, parece ter sido um
movimento calculado para mostrar quem manda nos ricos oligarcas que passaram a controlar os
recursos naturais e a indústria depois do fim da URSS.
Além do SPS, Khodorkovsky
apóia também outros partidos liberais, como o Yabloko. Esses
partidos estão lutando para conseguir pelo menos 5% dos votos,
tendo direito, assim, a cadeiras no
Parlamento. O partido pró-Putin
Rússia Unida é o favorito, seguido
pelo Partido Comunista.
Em dezembro ocorrem eleições
parlamentares, e Putin tentará se
reeleger em março.
Segundo o embaixador dos
EUA em Moscou, Alexander
Vershbow, a prisão de Khodorkovsky "leva a questionamentos
sobre se as leis russas estão sendo
usadas seletivamente ou não".
O diplomata acrescentou que o
governo americano está preocupado "com a escalada das tensões
em torno da Yukos". E essas ocorrências "devem aumentar as dúvidas entre as companhias estrangeiras que operam no mercado
russo e também entre os investidores", afirmou o embaixador.
O economista russo Yevgeni
Yasin, da Universidade de Altos
Estudos de Moscou, afirmou que
a prisão certamente "terá efeitos
no mercado russo".
Por enquanto, não há indicações sobre até quando Khodorkovsky permanecerá detido. Outro integrante da Yukos está preso desde julho por envolvimento
no mesmo escândalo de evasão
fiscal. "Não haverá nenhum tipo
de tratamento especial para Khodorkovsky", disse o vice-ministro
da Justiça, Yuri Kalinin.
Com agências internacionais
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