São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 2005

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Israel deve "ser apagado do mapa", diz líder do Irã

DA REDAÇÃO

Mahmoud Ahmadinejad, o presidente linha-dura do Irã, declarou ontem que Israel é "uma mancha desgraçada" que deveria ser "apagada do mapa". Após a afirmação, o vice-premiê israelense, Shimon Peres, pediu que o Irã seja expulso da ONU.
As declarações foram feitas em Teerã durante um congresso intitulado "O Mundo sem Sionismo", a uma platéia de 4.000 estudantes que recebeu o presidente aos gritos de: "Morte a Israel!".
"Não há dúvida de que a nova onda [de ataques] na Palestina logo apagará essa mancha desgraçada do mundo islâmico", disse o presidente. Ontem, cinco pessoas foram mortas por um homem-bomba em Hadera, no primeiro ataque terrorista em Israel desde a retirada de Gaza, em setembro.
"Como disse o imã [aiatolá Ruhollah Khomeini], Israel tem de ser apagado do mapa", afirmou Ahmadinejad, que assumiu em agosto, sucedendo o reformista Mohammad Khatami, cujo governo se aproximou do Ocidente.
A declaração -a primeira em anos, por parte de um presidente iraniano, a defender o fim de Israel- provocou reações imediatas. França e Espanha convocaram os embaixadores iranianos em seus territórios a prestar esclarecimentos. E a Alemanha "condenou duramente" as afirmações.
Os EUA também reagiram com firmeza. Na Casa Branca, o porta-voz Scott McClellan afirmou que as declarações de Ahmadinejad "reforçam as preocupações" já existentes com o Irã. O Departamento de Estado fez condenação semelhante e citou os planos nucleares de Teerã, que o governo iraniano afirma serem pacíficos, mas que a comunidade internacional teme serem bélicos.
Apenas a Rússia acorreu em socorro de Teerã, dizendo que o pedido de Israel é "muito sério para ser guiado pela política".
"Deve ser apresentada uma petição clara ao secretário-geral da ONU [Kofi Annan] e ao Conselho de Segurança para conseguir a expulsão do Irã da ONU", escreveu Peres em uma carta aberta ao premiê Ariel Sharon. A carta, enviada para a agência de notícias France Presse pelo gabinete de Sharon, argumenta que é "inconcebível que, no governo de um país-membro da ONU, esteja um homem que convide ao genocídio".
O vice-premiê alega ainda que as declarações de Ahmadinejad "vão contra a carta da ONU e equivalem a um crime contra a humanidade", o qual "se torna mais grave ainda se levado em conta que o Irã tenta desenvolver um programa nuclear".
Ahmadinejad, em discurso televisado, criticou os países árabes que se aproximaram de Israel, como o Bahrein e Qatar. "Qualquer um que reconhecer Israel queimará no fogo da fúria da nação islâmica. Qualquer líder islâmico que reconhecer o regime sionista estará reconhecendo a rendição e a derrota do mundo islâmico."


Com agências internacionais

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