São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 2005

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CASO HARIRI

Moscou tem direito a veto no CS; 2 são indiciados no Líbano por suposto elo com morte de premiê

Rússia se opõe a sanções da ONU contra Síria

DA REDAÇÃO

Os EUA, a França e o Reino Unido enfrentaram ontem forte oposição da Rússia e da Argélia à sua intenção de impor sanções à Síria se Damasco não cooperar totalmente com a investigação da ONU sobre o assassinato do premiê libanês Rafik Hariri, ocorrido em 14 de fevereiro último.
A oposição russa às sanções contra a Síria poderá fazer naufragar um projeto de resolução de autoria dos EUA, da França e do Reino Unido cujo objetivo é pressionar Damasco a cooperar com a ONU. Moscou dispõe de direito a veto no Conselho de Segurança. A Liga Árabe também disse se opor à imposição de sanções.
O Líbano indiciou dois homens por suposto envolvimento com o assassinato de Hariri, segundo fontes judiciais, menos de uma semana depois que seus nomes foram citados na investigação da ONU sobre o caso.
O CS deveria realizar consultas na noite de ontem sobre o projeto de resolução, que apóia abertamente a investigação da ONU, mas isso poderia não ocorrer em virtude da posição russa. A comissão responsável pela investigação, liderada pelo alemão Detlev Mehlis, implicou autoridades sírias e libanesas no assassinato e acusou a Síria de não cooperar.
A pressão sobre a Síria deverá ser intensificada por conta da publicação de um relatório do enviado da ONU à Síria e ao Líbano, Terje Roed-Larsen. Este afirmou em seu texto que não há "resultados tangíveis" que mostrem o desarmamento de grupos libaneses, incluindo o Hizbollah.
Ele ressaltou ainda que há relatos de que existe um crescente fluxo de armas da Síria para grupos palestinos baseados em campos de refugiados situados no Líbano, o que constitui uma violação de uma resolução do CS de 2004.
"O governo sírio me disse que há contrabando de armas e de pessoas através da fronteira entre o país e o Líbano, mas ressaltou que isso ocorre nas duas direções", afirmou Roed-Larsen.
Ele disse ainda que a inclusão do Hizbollah no novo governo libanês indica que ele poderá transformar-se de grupo armado em "real partido político". Mas salientou que operar tanto como partido quanto como milícia é "impossível numa democracia".
Saad Hariri, filho do premiê assassinado, afirmou ser contrário à imposição de sanções econômicas à Síria. "É preciso exigir mais cooperação, não aplicar sanções que poderão piorar a situação", disse Saad, em Paris, após reunião com o presidente Jacques Chirac.
O relatório sobre a investigação da ONU citou os nomes dos irmãos Ahmad, membro de um grupo islâmico pró-Síria (Ahbash), e Mahmoud Abdel Al por seu suposto envolvimento no caso. Ambos foram indiciados ontem pela Justiça libanesa.
Mahmoud Abdel Al ligou para o telefone celular do presidente libanês (pró-Síria), Emile Lahoud, pouco antes da explosão que matou Hariri e 22 outros em Beirute, segundo o relatório da ONU. O escritório de Lahoud nega. Já há 11 indiciados no caso.


Com agências internacionais

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