São Paulo, quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

entrevista

Soltura renova influência de Chávez na AL

DO ENVIADO A CARACAS

Na entrevista que deu ontem em Caracas, o presidente Hugo Chávez demonstrou irritação com as perguntas sobre como ficam as relações entre a Venezuela e a Colômbia. Não respondeu a nenhuma. Até poucos dias atrás, eram freqüentes os ataques ao presidente colombiano, Álvaro Uribe. Para o cientista político colombiano Vicente Torrijos, essa prudência mostra que Chávez desistiu da revanche contra Uribe provocada pelo fato de o colombiano tê-lo tirado das negociações com as Farc. Torrijos, 45, é especialista em segurança e professor da Universidad del Rosario, de Bogotá. Leia sua entrevista à Folha. (RICARDO WESTIN)

 

FOLHA - A prometida libertação de três reféns muda algo nas negociações entre a Colômbia e as Farc?
VICENTE TORRIJOS -
Não muda nada. A libertação é apenas uma forma que as Farc encontraram para recompensar Chávez por ele ter sido tirado das negociações pelo presidente Uribe. Estão devolvendo um favor a Chávez.

FOLHA - Quem sai vitorioso deste episódio do ponto de vista político?
TORRIJOS -
O presidente Chávez. Isso é muito importante para ele, que acaba de vir de uma derrota no referendo [sobre mudanças na Constituição] e de ser sido tirado da negociação com as Farc. É um trunfo diplomático, ele obteve apoio de países como Brasil, Argentina e Bolívia e mostrou sua influência na América Latina.

FOLHA - Uribe sai derrotado?
TORRIJOS -
Uribe mantém a sua posição, sem ganhar nem perder. Apesar de ter tirado Chávez das negociações, ele afirmou que via muito positivamente a libertação de reféns ante qualquer instância nacional ou internacional.

FOLHA - E as relações entre Venezuela e Colômbia?
TORRIJOS -
As relações se estabilizam, mas não se normalizam. Uribe não respondeu às contínuas provocações de Chávez, o que foi importante para essa estabilização.

FOLHA - Chávez está fazendo propaganda pessoal?
TORRIJOS -
O que posso dizer é que Chávez já se sente recompensado. Pelo que vi, ele não deve se fazer presente no momento da libertação dos reféns, para não criar uma situação difícil com Uribe.


Texto Anterior: Assessor de Lula e Néstor Kirchner vão integrar equipe que observará resgate
Próximo Texto: "Nossa família finalmente terá paz"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.