São Paulo, quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

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"Nossa família finalmente terá paz"

Para María Fernanda Perdomo, local da libertação da mãe "não importa"; "vamos aonde quer que seja"

Ex-congressista Consuelo González deverá conhecer sua neta e receber presentes de Natal e de aniversário acumulados em seis anos

RICARDO WESTIN
ENVIADO ESPECIAL A CARACAS

María Fernanda Perdomo, filha da ex-deputada colombiana seqüestrada Consuelo González de Perdomo, atendeu ao telefonema com a voz firme, de sua casa, em Bogotá. Esperava-se que sua mãe fosse posta em liberdade em horas. "É uma alegria, uma bênção muito grande. Com a libertação de minha mãe, nossa família finalmente terá paz", disse.
Ela falou à Folha logo após assistir à entrevista coletiva em que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, detalhou a operação de soltura dos três reféns das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) que a guerrilha anunciou, no último dia 18, que soltaria em consideração a ele. Um deles é González, 57, seqüestrada em dezembro de 2001.
María Fernanda, 33, e sua irmã, Patricia, 37, que têm se dividido nos últimos dias entre os jornalistas e as notícias pela TV sobre a libertação, dizem que só haverá festa de Natal e de Ano Novo quando a mãe voltar para casa. A árvore-de-natal na casa da família está cheia de presentes. São dezenas de pacotes acumulados ao longo dos últimos seis anos, em Natais e aniversários.
"Temos muitos presentinhos. São jaquetas, roupas, colares... Vamos abri-los na data em que ela voltar, seja no dia 28 de dezembro, seja no dia 5 de janeiro. Depois de tantos anos separadas, vale a pena esperar um pouquinho mais", conta.
Patricia, a filha mais velha, teve uma menina há pouco mais de dois anos. "O maior presente será ela pela primeira vez poder abraçar sua neta María Juliana", afirmou Patricia a um canal colombiano de TV.
Apreensiva, a família da ex-congressista assistiu junta à entrevista coletiva de Chávez. Elogiou os planos do presidente para a recepção dos três reféns. "Podemos ver que tudo está avançando", disse Patricia. "Chávez mostrou que tudo está sendo muito bem planejado, com todos os detalhes. Seria bom se ele voltasse a ajudar a Colômbia nas negociações, porque ainda há muitas pessoas na selva", acrescentou María Fernanda.
Chávez vinha participando das conversas com as Farc, mas foi sumariamente retirado do processo pelo presidente colombiano, Álvaro Uribe, por ter telefonado diretamente para o comandante do Exército colombiano -algo que Uribe diz não ter autorizado. Como "ato de desagravo" a Chávez, os guerrilheiros decidiram libertar três reféns e entregá-los diretamente ao venezuelano.
Questionada sobre o que pensava de o presidente Chávez querer levar os seqüestrados para Caracas e só depois devolvê-los a Bogotá, María Fernanda respondeu "que o local não é algo importante". "Em Caracas, em Bogotá, na floresta... Vamos para onde quer que seja. O que importa é a emoção de estar com ela de novo."


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