São Paulo, domingo, 27 de dezembro de 1998

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Prostituta diz ignorar política

do enviado especial

Uma maneira comum de as mulheres se virarem em Havana é prostituindo-se. Nas principais avenidas da cidade, podem-se encontrar prostitutas, o mesmo ocorrendo nas regiões de vida noturna mais intensa.
Nada muito diferente do que ocorre em diversas cidades do mundo, não fosse a "especialização" das "jineteras" (como elas são chamadas). Grande parte das moças tem formação profissional e/ ou acadêmica, mas prefere abandonar o trabalho numa repartição para ganhar mais nas ruas. Eis o depoimento de uma delas, Ariane, 23, enfermeira especializada em tratamento de crianças deficientes:
"Se estivesse trabalhando na minha profissão, ganharia no máximo US$ 15 por mês. Aqui na rua tiro US$ 150. Mas eu não venho todo dia, pois fico constrangida. Por exemplo, eu não saio com turistas desagradáveis. Hoje eu estou meio doente (com tosse). Para ir ao médico, tenho de ir ao posto de saúde, que é longe, e eu não posso sair daqui. Depois, chego lá, e não tem remédio. Não adianta nada. Eu não entendo nada de política, mas acho que tem alguma coisa errada. Eu cobro entre US$ 30 e US$ 50 do cliente, mas ele tem de pagar o quarto. Não precisa ser hotel. Muitas famílias alugam quartos a US$ 20. Nada entendo de política nem gosto de falar disso. Mas, se a gente fica doente, pode até ir ao médico. O remédio também é de graça. Só que não tem..." (LC)



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