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São Paulo, terça-feira, 28 de janeiro de 2003

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Bagdá afirma que "a bola está com os EUA"

DO "THE NEW YORK TIMES", EM BAGDÁ

Numa reação preventiva ao relatório dos inspetores de armas da ONU, o ministro das Relações Exteriores iraquiano lançou um destruidor ataque verbal contra os EUA horas antes de o relatório ser divulgado em Nova York. Sua declaração teve um tom mais estridente que aquelas feitas em dias recentes -e mais enfática em seu argumento de que o Iraque não tem mais o que oferecer aos EUA para afastar o risco de guerra.
"A bola está no campo deles", disse o chanceler Naji Sabri em uma entrevista coletiva. "Eles estão orgulhosos de exportar destruição e morte para nossa parte do mundo, e nós fizemos tudo para evitar isso", acrescentou. "São eles que estão provocando uma escalada na situação, fazendo várias ameaças e fabricando todo dia um monte de mentiras."
Questionado se pensava que a guerra era inevitável, Sabri disse que não podia descartar alguma ação diplomática de última hora. Mas acrescentou: "É inevitável para os instigadores da guerra".
Os comentários de Sabri pareciam ter como objetivo o mundo árabe e, com o fuso de Bagdá oito horas à frente do de Nova York, encher o horário nobre na região com uma resposta a um relatório cujo teor o governo já conhecia.
Em contraste, o embaixador iraquiano nas Nações Unidas, Mohammed Aldouri, adotou um tom mais conciliatório, dizendo repetidamente que o Iraque procura responder a qualquer questão que os inspetores coloquem.
As declarações dos chefes das inspeções da ONU não foram mostradas pela TV iraquiana. O conteúdo dos relatórios eram desconhecidos, e Sabri repetiu frequentemente uma linha: que os inspetores da ONU não haviam encontrado provas de armas proibidas ou programas para o seu desenvolvimento.

Panfletos queimados
O ditador iraquiano, Saddam Hussein, minimizou as tentativas dos EUA de enfraquecê-lo entre os iraquianos jogando panfletos contra ele, dizendo que os cidadãos do país os queimam e não os lêem. Os aviões americanos que patrulham as zonas de exclusão aérea ao sul e ao norte do país vêm jogando milhões de panfletos do tipo nos últimos meses.
"Aqueles que não conhecem a população do Iraque podem cometer estupidezes sob a influência de uma ilusão em suas mentes doentes", disse Saddam. "O simples fato de que eles estão jogando panfletos mostra que eles não conhecem bem os iraquianos." Saddam disse que o Iraque espera poder evitar a guerra com os EUA, mas que qualquer ataque falhará.


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