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ISRAEL VOTA
Likud, partido do premiê, deve se tornar maior força do Parlamento; trabalhistas podem ter derrota histórica
Sharon deve conseguir reeleição hoje
DA REDAÇÃO
O premiê de Israel, Ariel Sharon, 74, é favorito para obter um
novo mandato como chefe de governo nas eleições parlamentares
de hoje no país.
De acordo com as pesquisas de
opinião, o seu partido, o Likud
(centro-direita), será o grande
vencedor, enquanto os seus tradicionais rivais do Partido Trabalhista (centro-esquerda) verão
uma expressiva redução no tamanho de sua bancada.
Diferentes sondagens publicadas pelos três principais diários
do país -"Haaretz", "Yediot Ahronot" e "Maariv"- indicam que
o Likud passará das atuais 19 cadeiras para entre 30 e 33.
Os trabalhistas, que ainda vivem os efeitos negativos do fracasso do processo de paz com os
palestinos, devem deixar de ser a
principal força parlamentar (têm
hoje 26 deputados). Passarão a ter
a segunda maior bancada, com 18
ou 19 cadeiras -o pior resultado
eleitoral de sua história.
A insatisfação do público com o
terrorismo decorrente de mais de
dois anos de conflito com os palestinos deve ajudar a consolidar
uma guinada à direita na política
israelense, iniciada com a chegada
ao poder de Sharon nas últimas
eleições, em 2001.
As projeções indicam que Sharon terá condições de formar uma
coalizão com 65 dos 120 deputados incluindo os blocos de partidos religiosos e da extrema direita
nacionalista.
Um governo com essa configuração, porém, seria muito instável
e dificultaria qualquer tipo de retomada do diálogo com os palestinos para colocar um fim à Intifada -o levante contra a ocupação
que, desde setembro de 2000, já
matou ao menos 1.802 palestinos
e 698 israelenses.
Ciente das dificuldades que teria à frente de uma coalizão de direita, Sharon deve tentar convencer os trabalhistas a participar novamente de uma coalizão de
união nacional. Integrantes do Likud diziam ontem que o premiê
fará um convite ao Partido Trabalhista em seu discurso da vitória.
Os dois partidos estiveram juntos no poder nos últimos dois
anos. Agora, porém, o líder trabalhista e candidato a premiê Amram Mitzna, 57, assumiu como
compromisso de campanha não
voltar a fazer parte de um governo
liderado por Sharon.
"O Partido Trabalhista é a única
alternativa a um governo de direita e ultra-ortodoxo", escreveu
Mitzna em texto publicado ontem, num último esforço para
conquistar os votos dos cerca de
14% dos eleitores ainda indecisos.
Ex-general e atual prefeito de
Haifa, Mitzna propõe uma retomada imediata das negociações
com os palestinos -inclusive
com o presidente da Autoridade
Nacional Palestina (ANP), Iasser
Arafat, visto pela maioria dos israelenses como patrocinador do
terrorismo. Ele defende uma retirada militar unilateral de partes
da Cisjordânia ocupada.
Sharon -que se nega a dialogar
com Arafat, pede reformas na
ANP e diz que só retira as tropas e
negocia com novos líderes palestinos após o fim da violência-
tentou mostrar moderação ao final de sua campanha, em Haifa.
"Posições extremistas não nos
permitirão chegar aonde desejamos", disse. "Por isso só há uma
chapa: o Likud. Todas as outras
são instáveis, significariam mais
eleições, o que não precisamos
enquanto continuam ocorrendo
ataques terroristas."
Uma nova força política terá
também papel importante nas negociações para a composição de
governo. O partido secular Shinui, que ataca o que considera ser
o excessivo poder dos judeus ultra-ortodoxos em assuntos de Estado e orçamentários, deve se tornar a terceira maior bancada. Segundo as pesquisas, passará de
seis para 16 deputados.
Segurança reforçada
Políticos e autoridades palestinas se mostravam pessimistas
com relação à provável reeleição
de Sharon. "Todos os indícios são
de que as coisas vão piorar", afirmou Saeb Erekat, ministro do gabinete e principal negociador palestino.
As forças de segurança israelenses entraram em alerta máximo
ontem e fecharam as estradas que
fazem a comunicação entre os territórios palestinos da Cisjordânia
e da faixa de Gaza e Israel. As autoridades temem ataques terroristas durante as eleições.
No início da madrugada de hoje, pelo menos três pessoas, entre
elas dois irmãos adolescentes,
morreram na explosão de uma
casa na Cidade de Gaza, pertencente a um membro do grupo extremista islâmico Hamas.
Segundo autoridades palestinas, a explosão teria sido causada
por um míssil israelense, mas não
houve confirmação por parte de
Israel. No domingo, pelo menos
12 pessoas morreram numa ação
israelense em Gaza.
Com agências internacionais
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