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São Paulo, terça-feira, 28 de janeiro de 2003

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ISRAEL VOTA

Likud, partido do premiê, deve se tornar maior força do Parlamento; trabalhistas podem ter derrota histórica

Sharon deve conseguir reeleição hoje

DA REDAÇÃO

O premiê de Israel, Ariel Sharon, 74, é favorito para obter um novo mandato como chefe de governo nas eleições parlamentares de hoje no país.
De acordo com as pesquisas de opinião, o seu partido, o Likud (centro-direita), será o grande vencedor, enquanto os seus tradicionais rivais do Partido Trabalhista (centro-esquerda) verão uma expressiva redução no tamanho de sua bancada.
Diferentes sondagens publicadas pelos três principais diários do país -"Haaretz", "Yediot Ahronot" e "Maariv"- indicam que o Likud passará das atuais 19 cadeiras para entre 30 e 33.
Os trabalhistas, que ainda vivem os efeitos negativos do fracasso do processo de paz com os palestinos, devem deixar de ser a principal força parlamentar (têm hoje 26 deputados). Passarão a ter a segunda maior bancada, com 18 ou 19 cadeiras -o pior resultado eleitoral de sua história.
A insatisfação do público com o terrorismo decorrente de mais de dois anos de conflito com os palestinos deve ajudar a consolidar uma guinada à direita na política israelense, iniciada com a chegada ao poder de Sharon nas últimas eleições, em 2001.
As projeções indicam que Sharon terá condições de formar uma coalizão com 65 dos 120 deputados incluindo os blocos de partidos religiosos e da extrema direita nacionalista.
Um governo com essa configuração, porém, seria muito instável e dificultaria qualquer tipo de retomada do diálogo com os palestinos para colocar um fim à Intifada -o levante contra a ocupação que, desde setembro de 2000, já matou ao menos 1.802 palestinos e 698 israelenses.
Ciente das dificuldades que teria à frente de uma coalizão de direita, Sharon deve tentar convencer os trabalhistas a participar novamente de uma coalizão de união nacional. Integrantes do Likud diziam ontem que o premiê fará um convite ao Partido Trabalhista em seu discurso da vitória.
Os dois partidos estiveram juntos no poder nos últimos dois anos. Agora, porém, o líder trabalhista e candidato a premiê Amram Mitzna, 57, assumiu como compromisso de campanha não voltar a fazer parte de um governo liderado por Sharon.
"O Partido Trabalhista é a única alternativa a um governo de direita e ultra-ortodoxo", escreveu Mitzna em texto publicado ontem, num último esforço para conquistar os votos dos cerca de 14% dos eleitores ainda indecisos.
Ex-general e atual prefeito de Haifa, Mitzna propõe uma retomada imediata das negociações com os palestinos -inclusive com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, visto pela maioria dos israelenses como patrocinador do terrorismo. Ele defende uma retirada militar unilateral de partes da Cisjordânia ocupada.
Sharon -que se nega a dialogar com Arafat, pede reformas na ANP e diz que só retira as tropas e negocia com novos líderes palestinos após o fim da violência- tentou mostrar moderação ao final de sua campanha, em Haifa.
"Posições extremistas não nos permitirão chegar aonde desejamos", disse. "Por isso só há uma chapa: o Likud. Todas as outras são instáveis, significariam mais eleições, o que não precisamos enquanto continuam ocorrendo ataques terroristas."
Uma nova força política terá também papel importante nas negociações para a composição de governo. O partido secular Shinui, que ataca o que considera ser o excessivo poder dos judeus ultra-ortodoxos em assuntos de Estado e orçamentários, deve se tornar a terceira maior bancada. Segundo as pesquisas, passará de seis para 16 deputados.

Segurança reforçada
Políticos e autoridades palestinas se mostravam pessimistas com relação à provável reeleição de Sharon. "Todos os indícios são de que as coisas vão piorar", afirmou Saeb Erekat, ministro do gabinete e principal negociador palestino.
As forças de segurança israelenses entraram em alerta máximo ontem e fecharam as estradas que fazem a comunicação entre os territórios palestinos da Cisjordânia e da faixa de Gaza e Israel. As autoridades temem ataques terroristas durante as eleições.
No início da madrugada de hoje, pelo menos três pessoas, entre elas dois irmãos adolescentes, morreram na explosão de uma casa na Cidade de Gaza, pertencente a um membro do grupo extremista islâmico Hamas.
Segundo autoridades palestinas, a explosão teria sido causada por um míssil israelense, mas não houve confirmação por parte de Israel. No domingo, pelo menos 12 pessoas morreram numa ação israelense em Gaza.


Com agências internacionais


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