São Paulo, quarta-feira, 28 de janeiro de 2004

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REINO UNIDO

Hoje há novo desafio

Blair sobrevive a teste crucial no Parlamento

DA REDAÇÃO

Foi por muito pouco, mas Tony Blair sobreviveu ao maior teste à sua liderança desde que se tornou primeiro-ministro do Reino Unido, em 1997. Por apenas cinco votos, a Câmara dos Comuns aprovou ontem em Londres um projeto de lei que aumenta os valores das taxas pagas pelos alunos dos cursos universitários no país.
Sob o risco de ter a primeira derrota no Parlamento, Blair empenhou-se bastante para conseguir apoio ao projeto. Para a vitória com um placar de 316 votos favoráveis a 311 contrários, foi fundamental a adesão de Nick Brown, um dos líderes dos parlamentares governistas "rebeldes". Brown justificou sua decisão dizendo que concessões feitas pelo governo motivaram o seu apoio.
O projeto de lei, a principal peça da agenda legislativa deste ano do governo trabalhista, vai permitir às universidades cobrar até 3.000 libras (cerca de R$ 16 mil) por ano, que seriam pagas após os estudantes se formarem e começarem a ter renda própria. Atualmente, as faculdades cobram adiantado uma taxa de 1.125 libras. Para se tornar lei, o projeto ainda precisa cumprir uma série de etapas, incluindo votações na Câmara dos Lordes e na própria Câmara dos Comuns.
Apesar de o Partido Trabalhista, de Blair, possuir a maior bancada majoritária na Câmara dos Comuns na história recente do Reino Unido (408 de 659 assentos), a aprovação ficou ameaçada porque muitos parlamentares da situação viam a proposta como uma traição à uma promessa da campanha eleitoral de 1997 de que não haveria aumentos nas taxas escolares.

Caso David Kelly
A votação aconteceu em uma das semanas mais tensas do governo Blair. Hoje, lorde Brian Hutton vai tornar público o seu relatório sobre a morte, em julho último, de David Kelly, cientista especialista em armas que se suicidou após envolver-se em controvérsia relacionada às justificativas apresentadas pelo governo britânico para entrar na guerra contra o Iraque.
Kelly era o assessor do Ministério da Defesa identificado como a fonte de reportagens da BBC que questionavam as informações dadas pelo governo como provas de que o regime de Saddam Hussein estaria fabricando armas de destruição em massa. Segundo Kelly, o governo de Blair procurou tornar mais "sexy" os dados sobre o real poderio de Saddam.
Lorde Hutton, que é juiz de uma alta corte de apelação, conduziu audiências sobre a morte de Kelly e a preparação do dossiê do serviço de inteligência divulgado em setembro de 2002, que fazia graves alertas sobre o perigo representado pelo arsenal iraquiano.


Com agências internacionais


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