São Paulo, quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

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Não é hora de rever posição, diz Amorim

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

O Brasil não vai rever sua posição e reconhecer o novo governo em Honduras apenas com base nos desdobramentos de ontem, disse o chanceler Celso Amorim. "No momento não há o que mudar", afirmou em Genebra.
Para Amorim, a posse de Porfirio Lobo sem que o presidente golpista Roberto Micheletti lhe passasse a faixa, a aprovação da anistia pelo Congresso hondurenho e a saída do ex-presidente Manuel Zelaya da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa sem risco de ser preso representam "melhoras". E se devem, defende ele, ao fato de o Brasil ter abrigado o líder deposto.
"Tudo isso só aconteceu porque o Zelaya esteve na nossa embaixada. Se não, não ia ter, o Micheletti ia ficar lá até o último dia", afirmou. "Se você me pergunta se eu estou satisfeito com como as coisas se passaram, não, mas é melhor do que o que provavelmente teria ocorrido? É."
Indagado se os fatos não bastavam por si sós para uma reavaliação, negou. "Não tem por si só na vida real e na política. Não fizemos uma [nova] lista de condições. A lista é a feita antes, o Zelaya voltar antes da eleição, não voltou."
Amorim não descartou, no entanto, a possibilidade de reavaliar a decisão de não reconhecer o governo. Mas disse que ela dependerá de acontecimentos futuros e do reequilíbrio de forças no país.
"O futuro é o futuro. Vamos ver como o presidente que tomou posse vai tratar com as forças políticas, como é que ele vai agir. Não há pressa."
O ministro manteve as críticas ao processo eleitoral no país, que ocorreu sob o governo de fato de Micheletti. "Acho que [os desdobramentos desta semana] foram um passo na direção boa. Não digo nem certa, mas boa, melhorou. Isso vai mudar a opinião da gente em relação ao processo eleitoral? Não."
Um dos focos de atenção do Itamaraty e do Palácio do Planalto será a posição dos países da região. Ele citou nominalmente Guatemala, República Dominicana, El Salvador -todos reconheceram Lobo.


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