São Paulo, quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

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Compra de TV causa controvérsia na Nicarágua

FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto enfrenta novo embate com o canal opositor RCTV na Venezuela, Hugo Chávez vê-se envolvido em outra polêmica com a mídia, desta vez na Nicarágua, onde a imprensa local e a oposição o relacionam à misteriosa compra de parte da TV Telenica Canal 8, uma das principais do país e crítica do governo de seu aliado Daniel Ortega .
Na semana passada, o então diretor da TV Carlos Briceño anunciou que parte importante das ações do canal haviam sido vendidas a sócios cujos nomes seriam mantidos em segredo por imposições contratuais.
No último domingo, um dos principais jornalistas de oposição da Nicarágua e uma das estrelas do canal, Carlos Fernando Chamorro, anunciou sua saída da Telenica em seu programa dominical.
Chamorro, filho da ex-presidente Violeta Barrios de Chamorro (1990-97) e ex-militante sandinista, afirmou ter confirmado, com fontes confidenciais, o emprego de fundos vindos da cooperação com a Venezuela na compra da TV.
"As pessoas que estão tomando decisões são da secretaria do partido do governo [a Frente Sandinista]. O filho de Ortega está lá fisicamente já. O governo não está fechando meios de comunicação. Está recorrendo a métodos mais sofisticados para exercer esses tipos de pressões", afirmou Chamorro à Folha.
Segundo o jornalista, autoridades pressionam as TVs ameaçando não renovar suas concessões. Já o governo Ortega diz que os meios de comunicação fazem sistemática campanha contrarrevolucionária.
Carlos Lauria, diretor para as Américas do CPJ (Comitê para a Proteção dos Jornalistas), ONG com sede em Nova York, enxerga políticas de intimidação dos governos Chávez e Ortega e pede ação coordenada internacional para contê-las.
Chamorro é cético: "Depois do que aconteceu em Honduras, onde houve um golpe e a comunidade não pôde reverter, depois do que aconteceu na Nicarágua, onde houve fraude eleitoral e tampouco a OEA ou a comunidade internacional tiveram alguma incidência, sinceramente penso que as defesas das liberdades dependem, em primeiro lugar, do que a sociedade nicaraguense fizer".


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