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Compra de TV causa controvérsia na Nicarágua
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto enfrenta novo embate com o canal opositor
RCTV na Venezuela, Hugo
Chávez vê-se envolvido em outra polêmica com a mídia, desta
vez na Nicarágua, onde a imprensa local e a oposição o relacionam à misteriosa compra de
parte da TV Telenica Canal 8,
uma das principais do país e
crítica do governo de seu aliado
Daniel Ortega .
Na semana passada, o então
diretor da TV Carlos Briceño
anunciou que parte importante
das ações do canal haviam sido
vendidas a sócios cujos nomes
seriam mantidos em segredo
por imposições contratuais.
No último domingo, um dos
principais jornalistas de oposição da Nicarágua e uma das estrelas do canal, Carlos Fernando Chamorro, anunciou sua
saída da Telenica em seu programa dominical.
Chamorro, filho da ex-presidente Violeta Barrios de Chamorro (1990-97) e ex-militante
sandinista, afirmou ter confirmado, com fontes confidenciais, o emprego de fundos vindos da cooperação com a Venezuela na compra da TV.
"As pessoas que estão tomando decisões são da secretaria do partido do governo [a
Frente Sandinista]. O filho de
Ortega está lá fisicamente já. O
governo não está fechando
meios de comunicação. Está recorrendo a métodos mais sofisticados para exercer esses tipos
de pressões", afirmou Chamorro à Folha.
Segundo o jornalista, autoridades pressionam as TVs
ameaçando não renovar suas
concessões. Já o governo Ortega diz que os meios de comunicação fazem sistemática campanha contrarrevolucionária.
Carlos Lauria, diretor para as
Américas do CPJ (Comitê para
a Proteção dos Jornalistas),
ONG com sede em Nova York,
enxerga políticas de intimidação dos governos Chávez e Ortega e pede ação coordenada
internacional para contê-las.
Chamorro é cético: "Depois
do que aconteceu em Honduras, onde houve um golpe e a
comunidade não pôde reverter,
depois do que aconteceu na Nicarágua, onde houve fraude
eleitoral e tampouco a OEA ou
a comunidade internacional tiveram alguma incidência, sinceramente penso que as defesas das liberdades dependem, em primeiro lugar, do que a sociedade nicaraguense fizer".
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