São Paulo, quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

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Ajuda brasileira pode ascender a R$ 1 bilhão, afirma Amorim

DE GENEBRA

Desde o terremoto do dia 12, o Brasil contabiliza ter gasto US$ 230 milhões com a operação humanitária no Haiti, ou cerca de R$ 425 milhões. "É muito dinheiro", afirmou ontem em Genebra o ministro Celso Amorim, acrescentando que o valor deve subir com doações de entidades e indivíduos privados e dinheiro para reconstrução até R$ 1 bilhão.
A União Europeia, principal doadora até agora, prometeu cerca de 420 milhões em verba de socorro e de reconstrução, cifra pouco superior ao R$ 1 bilhão citado por Amorim. Os EUA doaram US$ 100 milhões, mas isso exclui despesas com envio de tropas.
"Na medida provisória [assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva], em dinheiro diretamente relacionado à ajuda ao Haiti, dá US$ 230 milhões", disse Amorim, explicando que isso inclui, além de doações de alimentos, hospitais de campanha, gastos com logística e envio de pessoal.
"É provável que, se somar dinheiro prometido pela Confederação Nacional da Agricultura e o que sairá do estoque regulador, passe bastante disso", acrescentou, citando R$ 1 bilhão como uma cifra factível.
Ontem o país terminou de repassar os US$ 15 milhões inicialmente doados às vítimas do terremoto (indivíduos doaram outro US$ 1,5 milhão por meio de uma conta aberta pelo Itamaraty). A fatia em dinheiro -cerca de um terço do total- será administrada pela ONU.
Mas Amorim rejeita as críticas de que o governo haitiano não tenha condição de administrar doações em dinheiro, embora concorde que sua infraestrutura foi avariada pelo terremoto.
Analistas ouvidos pela Folha apontam uma falta de capacidade administrativa do governo haitiano que precede o desastre e alertam para a corrupção (no ranking da Transparência Internacional, só seis países têm avaliação pior). Levantamento de dados da ONU mostra que virtualmente todos os doadores evitaram repasses financeiros ao governo.
O chanceler segue para Davos, onde participa amanhã do Fórum Econômico Mundial e fala sobre o Haiti. Amorim quer propor a isenção das tarifas de exportação para o país por um período de 20 anos para ajudar a reconstrução. "Acho que eles [países ricos] podem fazer mais do que já fizeram", afirmou.
Pela manhã, o ministro havia defendido no Conselho de Direitos Humanos da ONU maior ação no Haiti, defendendo o que chamou de "princípio da não indiferença", que "não afetaria o da não intervenção, mas jogaria luz nova sobre ele".
(LUCIANA COELHO)


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