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Ajuda brasileira pode ascender a R$ 1 bilhão, afirma Amorim
DE GENEBRA
Desde o terremoto do dia 12,
o Brasil contabiliza ter gasto
US$ 230 milhões com a operação humanitária no Haiti, ou
cerca de R$ 425 milhões. "É
muito dinheiro", afirmou ontem em Genebra o ministro
Celso Amorim, acrescentando
que o valor deve subir com doações de entidades e indivíduos
privados e dinheiro para reconstrução até R$ 1 bilhão.
A União Europeia, principal
doadora até agora, prometeu
cerca de 420 milhões em verba de socorro e de reconstrução, cifra pouco superior ao R$
1 bilhão citado por Amorim. Os
EUA doaram US$ 100 milhões,
mas isso exclui despesas com
envio de tropas.
"Na medida provisória [assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva], em dinheiro
diretamente relacionado à ajuda ao Haiti, dá US$ 230 milhões", disse Amorim, explicando que isso inclui, além de
doações de alimentos, hospitais de campanha, gastos com
logística e envio de pessoal.
"É provável que, se somar dinheiro prometido pela Confederação Nacional da Agricultura e o que sairá do estoque regulador, passe bastante disso",
acrescentou, citando R$ 1 bilhão como uma cifra factível.
Ontem o país terminou de
repassar os US$ 15 milhões inicialmente doados às vítimas do
terremoto (indivíduos doaram
outro US$ 1,5 milhão por meio
de uma conta aberta pelo Itamaraty). A fatia em dinheiro
-cerca de um terço do total-
será administrada pela ONU.
Mas Amorim rejeita as críticas de que o governo haitiano
não tenha condição de administrar doações em dinheiro,
embora concorde que sua infraestrutura foi avariada pelo
terremoto.
Analistas ouvidos pela Folha
apontam uma falta de capacidade administrativa do governo haitiano que precede o desastre e alertam para a corrupção (no ranking da Transparência Internacional, só seis
países têm avaliação pior). Levantamento de dados da ONU
mostra que virtualmente todos
os doadores evitaram repasses
financeiros ao governo.
O chanceler segue para Davos, onde participa amanhã do
Fórum Econômico Mundial e
fala sobre o Haiti. Amorim
quer propor a isenção das tarifas de exportação para o país
por um período de 20 anos para ajudar a reconstrução.
"Acho que eles [países ricos]
podem fazer mais do que já fizeram", afirmou.
Pela manhã, o ministro havia
defendido no Conselho de Direitos Humanos da ONU maior
ação no Haiti, defendendo o
que chamou de "princípio da
não indiferença", que "não afetaria o da não intervenção, mas
jogaria luz nova sobre ele".
(LUCIANA COELHO)
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