São Paulo, quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

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Brasil reserva milhares de toneladas para doação

FERNANDA ODILLA
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ANDRÉ LOBATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O governo federal prepara medida provisória que prevê a doação de até 225 mil toneladas de arroz, feijão e milho do estoque público de alimentos para outros países, em especial o Haiti. Também serão disponibilizadas 20 mil toneladas de leite em pó, compradas de agricultores familiares.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima que o país pode gastar com essa doação cerca de R$ 323 milhões, incluindo ensacamento dos grãos, transporte e despesas portuárias. Parte desses alimentos vai para o Haiti, e o restante será dividido entre El Salvador, Guatemala e Bolívia, além dos países mais carentes de língua portuguesa e territórios palestinos.
As 225 mil toneladas de grãos que serão doadas representam 3,2% do total de 7 milhões de toneladas que o Brasil mantém em estoque -compradas de agricultores familiares e do excedente de produção. No ano passado, por exemplo, foi registrada uma supersafra de arroz, comprada a preço mínimo pelo governo para evitar prejuízos aos produtores.
O superintendente de Programas Sociais da Conab, João Cláudio Dalla Costa, garante que não há risco de comprometer o abastecimento interno. "Doar é bom porque dá vazão e evita o desperdício", diz.
Segundo o MRE (Ministério das Relações Exteriores), estima-se que o Haiti precisará de 100 mil toneladas de alimentos nos próximos seis meses. O diplomata Milton Rondó Filho, coordenador-geral de Ações Internacionais de Combate à Fome do MRE, explica que uma doação acima do montante necessário poderia desestruturar a agricultura do país caribenho, causando impacto negativo na economia haitiana.
Apesar da disposição do Brasil em liderar os esforços internacionais para reconstruir o Haiti, o governo federal deve repassar ao país um montante menor do que o estimado como necessário. "A gente não pode proibir outros países de doar", disse Rondó.
É a segunda vez que o Brasil faz grandes doações do estoque público a nações que enfrentam dificuldades alimentares. Contudo, o total deste ano é cinco vezes maior que o lote de 2008, destinado ao Caribe.
O Brasil ainda negocia a redução dos custos para distribuir os alimentos, firmando parcerias com outros países para o transporte marítimo.
Além da carga de alimentos e da ajuda humanitária, a Petrobras planeja doação de combustível. Entretanto, o desafio logístico também é a distribuição dentro da ilha.
A companhia ainda não definiu o volume a ser doado, mas já há uma agenda de reuniões para executar o projeto, que será coordenado com o Gabinete de Segurança Institucional.


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