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Brasil reserva milhares de toneladas para doação
FERNANDA ODILLA
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ANDRÉ LOBATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O governo federal prepara
medida provisória que prevê a
doação de até 225 mil toneladas
de arroz, feijão e milho do estoque público de alimentos para
outros países, em especial o
Haiti. Também serão disponibilizadas 20 mil toneladas de
leite em pó, compradas de agricultores familiares.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima
que o país pode gastar com essa
doação cerca de R$ 323 milhões, incluindo ensacamento
dos grãos, transporte e despesas portuárias. Parte desses alimentos vai para o Haiti, e o restante será dividido entre El Salvador, Guatemala e Bolívia,
além dos países mais carentes
de língua portuguesa e territórios palestinos.
As 225 mil toneladas de grãos
que serão doadas representam
3,2% do total de 7 milhões de
toneladas que o Brasil mantém
em estoque -compradas de
agricultores familiares e do excedente de produção. No ano
passado, por exemplo, foi registrada uma supersafra de arroz,
comprada a preço mínimo pelo
governo para evitar prejuízos
aos produtores.
O superintendente de Programas Sociais da Conab, João
Cláudio Dalla Costa, garante
que não há risco de comprometer o abastecimento interno.
"Doar é bom porque dá vazão e
evita o desperdício", diz.
Segundo o MRE (Ministério
das Relações Exteriores), estima-se que o Haiti precisará de
100 mil toneladas de alimentos
nos próximos seis meses. O diplomata Milton Rondó Filho,
coordenador-geral de Ações
Internacionais de Combate à
Fome do MRE, explica que
uma doação acima do montante necessário poderia desestruturar a agricultura do país caribenho, causando impacto negativo na economia haitiana.
Apesar da disposição do Brasil em liderar os esforços internacionais para reconstruir o
Haiti, o governo federal deve
repassar ao país um montante
menor do que o estimado como
necessário. "A gente não pode
proibir outros países de doar",
disse Rondó.
É a segunda vez que o Brasil
faz grandes doações do estoque
público a nações que enfrentam dificuldades alimentares.
Contudo, o total deste ano é
cinco vezes maior que o lote de
2008, destinado ao Caribe.
O Brasil ainda negocia a redução dos custos para distribuir os alimentos, firmando
parcerias com outros países para o transporte marítimo.
Além da carga de alimentos e
da ajuda humanitária, a Petrobras planeja doação de combustível. Entretanto, o desafio
logístico também é a distribuição dentro da ilha.
A companhia ainda não definiu o volume a ser doado, mas
já há uma agenda de reuniões
para executar o projeto, que será coordenado com o Gabinete
de Segurança Institucional.
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