São Paulo, quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

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Obama pede novo começo ao Congresso

Democrata enfatiza a agenda econômica doméstica no discurso ao Estado da União, pronunciamento que marca início do 2º ano de mandato

Presidente critica decisão da Suprema Corte que retirou barreiras ao financiamento de campanhas eleitorais nos EUA na semana passada


JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou ontem que o país enfrenta um deficit de confiança e que é necessário mudar a maneira como Washington trabalha. Em discurso no Congresso que marca o segundo ano de mandato de Obama, o presidente detalharia, após o fechamento desta edição, uma agenda muito mais focada nos problemas econômicos dos EUA, como desemprego e necessidade de evitar um aumento do deficit.
O discurso do Estado da União, em que o presidente relata a situação do país e detalha sua agenda para o ano, teve trechos divulgados na noite de ontem. O discurso ocorreria em um momento crucial para Obama, que acaba de sofrer uma derrota política importante com a perda da vaga democrata de senador por Massachusetts.
O revés pode dificultar ou inviabilizar a aprovação de projetos importantes para o governo, como a reforma da saúde e a reforma de regulação do sistema financeiro.
O discurso de Obama pede ao Congresso um novo começo, em que a relação com Washington não seja marcada pelas velhas batalhas, mas pautada pelo bom senso. "Para fazer isso, precisamos reconhecer que enfrentamos mais do que um deficit de dólares agora. Nós enfrentamos um deficit de confiança -profundas e corrosivas dúvidas sobre como Washington trabalha e que vêm crescendo há anos."
Segundo ele, para acabar com essa brecha de credibilidade é necessário impor limites à influência de lobistas no Congresso. Ele diz que o governo já deu o exemplo ao divulgar na página da Casa Branca a lista de visitantes e ao excluir lobistas dos cargos em que se exige formulação de políticas em conselhos federais e comissões.
O presidente afirmou, no entanto, que essas medidas ainda não são suficientes e que é necessário exigir que os lobistas detalhem cada contato feito em nome de clientes com representantes do governo ou do Congresso. Obama afirmaria ainda que é necessário impor limites rígidos para as contribuições feitas por lobistas a candidatos ao governo federal.
O discurso critica a decisão da Suprema Corte que derrubou, na semana passada, proibições para doações de campanha. Ele classificou a decisão como uma reversão em um século de legislação e sustenta que ela abre as portas a interesses especiais americanos e estrangeiros.
"Eu não penso que as eleições americanas devam ser bancadas pelos mais poderosos interesses americanos, e pior, por entidades estrangeiras. Devem ser decididas pelo povo americano e é por isso que estou encorajando democratas e republicanos a aprovarem uma lei que ajude a consertar o erro", diria o presidente.
Em um discurso apontado como especialistas como uma espécie de relançamento da Presidência, Obama tratou de enfatizar assuntos de interesse dos americanos como a necessidade de criar novos postos de trabalho e de conter a expansão do deficit.
Nos últimos dias, ele já vinha adotando um discurso mais populista, com ataques aos ganhos de Wall Street com operações de risco e também com o anúncio de medidas de auxílio à classe média.
No discurso, Obama afirma que é preciso superar as diferenças entre republicanos e democratas para atender às aspirações comuns à população americana. "As pessoas que nos trouxeram até aqui têm diferentes histórias e crenças, mas as ansiedades que enfrentam são as mesmas. As aspirações que alimentam são compartilhadas. Um emprego que pague as contas. Uma chance de seguir adiante. Acima de tudo, a habilidade de dar aos seus filhos uma vida melhor."
O presidente mencionou a reforma da saúde, principal item da agenda doméstica do primeiro ano de mandato de Obama. Segundo o presidente, até o final do discurso mais americanos teriam perdido seus planos de saúde e milhões perderão a cobertura até o fim do ano. Ele disse que não desistirá destes americanos e que o Congresso também não deveria deixá-los de lado.


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