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Obama pede novo começo ao Congresso
Democrata enfatiza a agenda econômica doméstica no discurso ao Estado da União, pronunciamento que marca início do 2º ano de mandato
Presidente critica decisão da
Suprema Corte que retirou
barreiras ao financiamento
de campanhas eleitorais nos
EUA na semana passada
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou ontem
que o país enfrenta um deficit
de confiança e que é necessário
mudar a maneira como Washington trabalha. Em discurso
no Congresso que marca o segundo ano de mandato de Obama, o presidente detalharia,
após o fechamento desta edição, uma agenda muito mais focada nos problemas econômicos dos EUA, como desemprego e necessidade de evitar um
aumento do deficit.
O discurso do Estado da
União, em que o presidente relata a situação do país e detalha
sua agenda para o ano, teve trechos divulgados na noite de ontem. O discurso ocorreria em
um momento crucial para Obama, que acaba de sofrer uma
derrota política importante
com a perda da vaga democrata
de senador por Massachusetts.
O revés pode dificultar ou inviabilizar a aprovação de projetos importantes para o governo, como a reforma da saúde e a
reforma de regulação do sistema financeiro.
O discurso de Obama pede ao
Congresso um novo começo,
em que a relação com Washington não seja marcada pelas velhas batalhas, mas pautada pelo
bom senso. "Para fazer isso,
precisamos reconhecer que enfrentamos mais do que um deficit de dólares agora. Nós enfrentamos um deficit de confiança -profundas e corrosivas
dúvidas sobre como Washington trabalha e que vêm crescendo há anos."
Segundo ele, para acabar com
essa brecha de credibilidade é
necessário impor limites à influência de lobistas no Congresso. Ele diz que o governo já
deu o exemplo ao divulgar na
página da Casa Branca a lista de
visitantes e ao excluir lobistas
dos cargos em que se exige formulação de políticas em conselhos federais e comissões.
O presidente afirmou, no entanto, que essas medidas ainda
não são suficientes e que é necessário exigir que os lobistas
detalhem cada contato feito em
nome de clientes com representantes do governo ou do
Congresso. Obama afirmaria
ainda que é necessário impor limites rígidos para as contribuições feitas por lobistas a candidatos ao governo federal.
O discurso critica a decisão
da Suprema Corte que derrubou, na semana passada, proibições para doações de campanha. Ele classificou a decisão
como uma reversão em um século de legislação e sustenta
que ela abre as portas a interesses especiais americanos e estrangeiros.
"Eu não penso que as eleições americanas devam ser
bancadas pelos mais poderosos
interesses americanos, e pior,
por entidades estrangeiras. Devem ser decididas pelo povo
americano e é por isso que estou encorajando democratas e
republicanos a aprovarem uma
lei que ajude a consertar o erro", diria o presidente.
Em um discurso apontado
como especialistas como uma
espécie de relançamento da
Presidência, Obama tratou de
enfatizar assuntos de interesse
dos americanos como a necessidade de criar novos postos de
trabalho e de conter a expansão
do deficit.
Nos últimos dias, ele já vinha
adotando um discurso mais populista, com ataques aos ganhos de Wall Street com operações de risco e também com o
anúncio de medidas de auxílio à
classe média.
No discurso, Obama afirma
que é preciso superar as diferenças entre republicanos e democratas para atender às aspirações comuns à população
americana. "As pessoas que nos
trouxeram até aqui têm diferentes histórias e crenças, mas
as ansiedades que enfrentam
são as mesmas. As aspirações
que alimentam são compartilhadas. Um emprego que pague
as contas. Uma chance de seguir adiante. Acima de tudo, a
habilidade de dar aos seus filhos uma vida melhor."
O presidente mencionou a
reforma da saúde, principal
item da agenda doméstica do
primeiro ano de mandato de
Obama. Segundo o presidente,
até o final do discurso mais
americanos teriam perdido
seus planos de saúde e milhões
perderão a cobertura até o fim
do ano. Ele disse que não desistirá destes americanos e que o
Congresso também não deveria deixá-los de lado.
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