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Crise no BC argentino chega ao Congresso
Comissão deve opinar a respeito da destituição de titular do Banco Central
Ausência de consulta formal ao Legislativo levou Justiça
SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES
O presidente do Banco Central argentino, Martín Redrado,
que luta na Justiça para se
manter no cargo, do qual foi removido por decreto no último
dia 8 pela presidente Cristina
Kirchner, deu ontem sua versão dos fatos para a comissão
do Congresso que deve aconselhar a mandatária na questão.
Cristina apontou "má conduta e descumprimento dos deveres" por parte de Redrado, que
se opunha a transferir US$ 6,5
bilhões das reservas do BC a
uma conta do Tesouro, para pagamento de parte da dívida externa. A transferência havia sido determinada por decreto em
dezembro.
Ao exonerar Redrado, Cristina ignorou a exigência que a legislação argentina impõe ao
Executivo de ouvir uma comissão do Congresso antes de remover a diretoria do BC.
Essa lacuna permitiu a Redrado voltar ao cargo, por força
de uma medida judicial. Na semana passada, Cristina recuou
e pediu à comissão que se reunisse. Após o pedido, uma corte
de segunda instância suspendeu a liminar (decisão provisória) que mantinha o presidente
do BC no posto.
Anteontem, Redrado ensaiou resistência ao enviar à comissão uma carta em que reivindicava, antes de ser ouvido,
a revogação do decreto presidencial. Ele argumentou que
não havia sentido uma consulta
sobre decisão já tomada.
A cartada de Redrado desagradou a comissão, presidida
pelo vice-presidente do país,
Julio Cobos -que acumula a
presidência do Senado e está
rompido com Cristina. Cobos é
acusado pelo governo de ter dado apoio para a insubmissão de
Redrado. A Casa Rosada anunciou que não voltaria atrás.
Após quatro horas de depoimento, Redrado classificou seu
comparecimento como "um
ato republicano" e saiu dizendo
que "o importante é garantir a
autonomia do Banco Central" e
que "nunca mais nem o Congresso, nem as reservas nem o
BC sejam atropelados". Sua declaração prosseguirá hoje.
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