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ESCUTA
No Reino Unido, oposição pede que o premiê Blair explique ao Parlamento a acusação de que mandou espionar Annan
Mais diplomatas dizem ter sido grampeados na ONU
DA REDAÇÃO
A acusação de que o Reino Unido instalou equipamento de escuta no gabinete do secretário-geral
da ONU, Kofi Annan, antes da
Guerra do Iraque está causando
problemas para o premiê Tony
Blair, mas, no âmbito diplomático, não causou tanto furor. Pragmaticamente, os diplomatas deram a entender que a espionagem
faz parte das relações entre países.
"Nossos amigos e aliados podem mesmo estar fazendo alguma coisa desse tipo. Isso não vai
alterar em nada se eles confiam ou
não em nós", disse Crispin Tickell, embaixador britânico na
ONU entre 1987 e 1990.
O egípcio Boutros Boutros-Ghali, ex-secretário-geral da
ONU (1992-96), não demonstrou
surpresa ao comentar o suposto
grampo. "No primeiro dia fui avisado: "Cuidado, seu escritório está
grampeado"."
O embaixador russo na ONU,
Sergei Lavrov, disse acreditar que
a prática seja ilegal. "Mas mostra
que os serviços de inteligência britânicos, pelo menos tecnicamente, são bastante profissionais."
O australiano Richard Butler,
ex-chefe de inspetores da ONU
para o desarmamento do Iraque
(1997-99), afirmou que, para garantir que suas conversas não fossem gravadas, saía para caminhar
no Central Park. "Tinha total certeza de que [meu telefone] estava
grampeado por ao menos quatro
membros permanentes do Conselho de Segurança: americanos,
britânicos, franceses e russos. Não
sei o que os chineses faziam."
Segundo a imprensa australiana, também o sueco Hans Blix,
chefe de inspetores da ONU no
Iraque entre 2000 e 2003, teve suas
conversas grampeadas.
"Considerando a gravidade das
afirmações, que não sei se são verdadeiras ou não, o primeiro-ministro [Blair] deveria vir à Câmara
dos Comuns dar explicações",
afirmou Charles Kennedy, líder
do Partido Liberal Democrata.
Em Inverness, na Escócia, Blair
preferiu discutir a questão em termos partidários. "A ameaça (...) é
a aliança que tem atacado ao longo da história o Partido Trabalhista: a aliança entre alguns de nossa
própria turma com o Partido
Conservador, que está desesperado para nos tirar do governo."
A acusação de espionagem foi
feita anteontem pela ex-ministra
do Desenvolvimento Internacional Clare Short, que afirmou ter lido transcrições de conversas de
Kofi Annan anteriores à Guerra
do Iraque.
Com agências internacionais
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