São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2004

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DIPLOMACIA

Alemão quer dólar forte

Bush e Schröder buscam reaproximação política

MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, e o chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, reuniram-se ontem, em Washington, numa tentativa de superar as dificuldades que marcaram as relações entre os dois países, em 2003, por conta da Guerra do Iraque.
"O encontro de Bush com Schröder, o primeiro exclusivamente entre os dois desde a Guerra do Iraque, busca aparar as arestas que apareceram em 2002, na campanha para as eleições legislativas na Alemanha, e agravadas em 2003, antes da guerra", disse à Folha Michael Kreile, da Universidade Humboldt (Alemanha).
"Vale lembrar que, no ano passado, Bush chegou até a encontrar Roland Koch [governador do Estado de Hessen e inimigo político de Schröder], em Washington, mas ainda não se mostrara disposto a receber o chanceler."
Todavia Schröder, que se opôs à guerra, levantou outro problema ontem: a fraqueza do dólar em relação ao euro, o que, para o chanceler, prejudica as exportações alemãs. A posição oficial americana, que foi reiterada por Bush, defende um dólar mais forte. Contudo o presidente também salientou que sua influência sobre o valor da moeda é "limitada".
"A fraqueza do dólar em relação ao euro é muito preocupante para a Alemanha, cuja economia depende bastante das exportações. Embora Washington sustente que apóia um dólar forte, a fraqueza de sua moeda é favorável às exportações americanas", analisou Charles Kupchan, do Council on Foreign Relations (EUA).
"Com isso, numa situação em que a economia americana ainda não está totalmente recuperada de sua fragilidade recente e num ano de eleição presidencial, dificilmente os republicanos [que estão no poder nos EUA] venham a aceitar correr o risco de prejudicar o desempenho econômico do país, buscando fortalecer o dólar", acrescentou Kupchan.
Mesmo assim, o ponto mais importante da reunião de ontem, como ressaltou Kreile, foi a reaproximação de "dois países que compartilham valores democráticos e têm muitos interesses comuns".


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