São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2004

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GUERRA FRIA

Plano era sabotar inimigo

EUA deram à URSS tecnologia defeituosa

DA REDAÇÃO

Os Estados Unidos forneceram à então União Soviética, durante o governo de Ronald Reagan (1981-1989), tecnologia defeituosa com o objetivo deliberado de sabotar a economia daquele país.
Uma das conseqüências do plano foi a explosão, em 1982, de um gasoduto na Sibéria, provocada por um defeito proposital de um programa de computador.
A revelação foi feita ontem pelo jornal "The Washington Post", que se baseia num livro que está para ser publicado por Thomas Reed, na época secretário da Força Aérea e membro do Conselho de Segurança Nacional.
O plano de sabotagem foi aprovado pelo próprio Reagan em 1982, e o episódio do gasoduto, no qual a CIA teve participação, é um dos muitos provocados para enfraquecer a então superpotência, que o presidente americano qualificara de "império do mal".
Na época, Washington procurava neutralizar uma iniciativa européia de importar gás natural soviético e se contrapor à espionagem industrial da URSS.
Segundo o livro de Reed, a CIA soube por meio da França que a KGB, a polícia secreta soviética, havia criado uma divisão especial para furtar tecnologia ocidental. Foi o então presidente francês, François Mitterrand, quem informou a Washington que a divisão de inteligência soviética tinha um grupo operacional cujos agentes haviam sido identificados.
A identificação desses agentes constou de um documento designado na época de "dossiê de despedida". De posse dele, a CIA criou produtos defeituosos de alta tecnologia e os transferiu aos espiões adversários, que não desconfiaram tratar-se de armadilha.
O acidente com o gasoduto, que, segundo Reed, não teve vítimas, foi responsável por "um prejuízo monumental". O mecanismo de sabotagem era engenhoso. O programa com defeito acionava turbinas e válvulas. Depois de um intervalo de funcionamento normal, o sistema criava pressão excessiva. Para os soviéticos, a explosão decorreu de um incêndio de origem desconhecida.


Com agências internacionais


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