São Paulo, quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

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Aliados deixam acordos com EUA em suspenso

Tchecos adiam assinatura para o escudo antimísseis, e Índia atrasa as salvaguardas para tratado nuclear

DA REDAÇÃO

Os Estados Unidos não conseguiram ontem fechar dois acordos há muito encaminhados e que têm importância estratégica nesses meses finais do governo Bush.
A República Tcheca não assinou em Washington o protocolo final para a instalação pelo Pentágono, em seu território, de um sistema de radares, que operaria com mísseis baseados na Polônia, num escudo de defesa antimísseis. A Índia, por sua vez, não está pronta para receber tecnologia nuclear americana, em cumprimento a um acordo de agosto último.
Com relação ao escudo, George W. Bush recebeu na Casa Branca o primeiro-ministro tcheco, Mirek Topolanek. Informantes americanos disseram na véspera que a conclusão do acordo era iminente. Mas o próprio Bush afirmou que as discordâncias se resumiam em apenas algumas palavras.
A Associated Press diz que o premiê fez exigências ambientais, que as futuras instalações militares americanas deveriam cumprir, e ainda pediu que os técnicos que operarão os radares tenham determinado estatuto, que não detalhou.
No mês passado o chefe da diplomacia tcheca, Radek Sikorski, pediu o apoio americano para a modernização de seu sistema aéreo de defesa. Embora os EUA argumentem que o escudo antimísseis leva em conta ameaças da Coréia do Norte e do Irã, a Rússia acredita que ele vise seus arsenais.
Ao comprar briga com os russos, os tchecos querem caças e armas convencionais americanas. Topolanek não se referiu a essa questão. Mas obteve do governo americano o abandono da obrigatoriedade de vistos, a partir de setembro, para que seus cidadãos entrem nos EUA.

Negócios com a Índia
O acordo nuclear com a Índia foi discutido em Nova Déli, em visita de dois dias, encerrada ontem, por Robert Gates, chefe do Pentágono. Ele exortou o governo local a obter mais rapidamente da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) as salvaguardas para que o tratado entre os dois países possa ser ratificado ainda este ano pelo Senado americano.
A Índia não é signatária do Tratado de Não-Proliferação, por ter a bomba atômica. A cooperação com os americanos se refere ao programa nuclear civil, desvinculado da bomba.
Interessa aos EUA o fortalecimento da Índia, no passado um cliente preferencial de Moscou, para que ela se contraponha ao peso estratégico da China na Ásia. Gates nega, mas essa no fundo é a lógica.
O governo da Índia deverá gastar em armamentos US$ 30 bilhões nos próximos quatro anos. Aos americanos interessa vender 126 aviões militares, num contrato de US$ 10 bilhões em que também concorrem fornecedores russos e europeus. A Índia já comprou um porta-aviões americano.


Com agências internacionais


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