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EPIDEMIA
China fecha teatros e cinemas e Taiwan bane turistas de países afetados; Canadá sediará conferência esta semana
Avanço da Sars espalha pânico pela Ásia
DA REDAÇÃO
O rápido avanço da epidemia
de Sars (síndrome respiratória
aguda grave) no leste asiático tem
levado os países daquela região a
tomar medidas draconianas para
tentar conter a propagação da
chamada pneumonia asiática.
Ontem, Taiwan baniu do país
visitantes de áreas atingidas pela
doença e Pequim fechou teatros,
cinemas, internet cafés e outros
centros públicos de entretenimento na tentativa de barrar o
crescente número de novos casos
de pneumonia asiática.
"Lutar contra essa epidemia é
como lutar em uma guerra. Nós
estamos lidando com um inimigo
invisível", disse o premiê de Taiwan, Yu Shyi-kun, ao anunciar o
banimento e o impedimento da
entrada de turistas provenientes
da China, de Hong Kong, de Cingapura e do Canadá e a instauração de um período de isolamento
de dez dias para os taiwaneses
procedentes desses países.
O premiê taiwanês advertiu que
mesmo estrangeiros daqueles
países com visto de múltiplas entradas em Taiwan serão barrados
nos aeroportos. O ministro das
Relações Exteriores do Canadá
declarou que a medida adotada
por Taiwan é um exagero e que irá
recorrer da decisão de banir turistas canadenses do país.
Ainda ontem, o Ministério da
Saúde canadense divulgou que sediará, em Toronto, na quarta-feira e na quinta-feira desta semana,
uma nova conferência sobre a
epidemia de pneumonia asiática.
O encontro irá discutir formas de
tratamento da doença e novas
frentes de combate à epidemia.
Segundo a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, Gro
Harlem Brundtland, ainda há
tempo para erradicar a Sars do
globo se as nações afetadas tomarem as medidas apropriadas de
combate à epidemia.
Segundo Brundtland -que
chamou a pneumonia asiática de
"a primeira epidemia mundial do
século 21"-, a Sars não precisa
virar uma endemia virótica nos
moldes da Aids ou da gripe espanhola.
Mesmo com o plano de prevenção acordado no encontro de ministros da saúde realizado no último sábado na Malásia e com as
demais medidas tomadas pelos
países afetados pela epidemia, o
pânico tomou conta ontem de
Hong Kong com a divulgação de
um e-mail que denunciava a presença do vírus da pneumonia
asiática nos filtros de ar do metrô
da cidade. A polícia local está investigando o caso. Só ontem,
Hong Kong contou 12 novas vítimas fatais da Sars e 16 novos casos
da doença. Foram mais de 50
mortes na Ásia e no Canadá no final de semana.
Prisão e multas
Nas Filipinas, depois de um caso
de morte e um de contágio, a presidente Gloria Arroyo ameaçou
instaurar penas de detenção para
as pessoas que não respeitaram as
medidas de quarentena adotadas
para prevenir a propagação da
doença.
Em Cingapura, a medida já é
oficial: quem desobedecer à ordem de quarentena imposta pelo
governo passará seis meses na
prisão ou terá de pagar uma fiança de nada menos que US$ 5.600.
Com receio de que a epidemia
chegue à Europa, o premiê italiano Silvio Berlusconi ordenou que
oficiais da Defesa Civil coordenem medidas anti-Sars nos aeroportos internacionais do país.
Israel também anunciou ontem
que passará a realizar exames em
passageiros provenientes de regiões afetadas pela epidemia de
Sars no aeroporto internacional
de Tel Aviv.
Pelo menos 312 pessoas já morreram em todo o mundo devido à
Sars, que surgiu na província chinesa de Guangdong no final do
ano passado e já foi levada por
passageiros de vôos internacionais para mais de 20 países.
Há mais de 5.014 casos de pessoas infectadas pela pneumonia
asiática até hoje e milhares de pessoas foram isoladas por um período de dez dias, tempo de incubação do vírus da Sars.
Apesar de a China e Hong Kong
concentrarem dois terços dos casos de morte por Sars, Cingapura
já conta com 22 mortos, e o Canadá (o único país fora da Ásia atingido pela epidemia), com 21 casos
fatais da doença.
Impacto econômico
Hotéis, companhias aéreas e comerciantes desses países já registraram queda nos negócios. Segundo a edição de hoje do semanário americano "Time", o avanço da epidemia de Sars terá impacto econômico severo. O custo
mundial da pneumonia asiática
gira em torno dos US$ 30 bilhões.
O banco de investimentos
J.P.Morgan estima que Toronto,
destino turístico desaconselhado
publicamente pela OMS na última quarta-feira, está perdendo
US$ 30 milhões diariamente devido à Sars.
Segundo a revista, os economistas prevêem que a China e a Coréia do Sul possam perder aproximadamente US$ 2 bilhões em turismo, produtividade e vendas em
consequência direta da propagação dessa doença.
O Japão e Hong Kong podem
perder até US$ 1 bilhão por causa
da epidemia desse vírus. Taiwan e
Cingapura podem perdem quase
o mesmo valor.
Com agências internacionais
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