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São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2003

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EPIDEMIA

China fecha teatros e cinemas e Taiwan bane turistas de países afetados; Canadá sediará conferência esta semana

Avanço da Sars espalha pânico pela Ásia

DA REDAÇÃO

O rápido avanço da epidemia de Sars (síndrome respiratória aguda grave) no leste asiático tem levado os países daquela região a tomar medidas draconianas para tentar conter a propagação da chamada pneumonia asiática.
Ontem, Taiwan baniu do país visitantes de áreas atingidas pela doença e Pequim fechou teatros, cinemas, internet cafés e outros centros públicos de entretenimento na tentativa de barrar o crescente número de novos casos de pneumonia asiática.
"Lutar contra essa epidemia é como lutar em uma guerra. Nós estamos lidando com um inimigo invisível", disse o premiê de Taiwan, Yu Shyi-kun, ao anunciar o banimento e o impedimento da entrada de turistas provenientes da China, de Hong Kong, de Cingapura e do Canadá e a instauração de um período de isolamento de dez dias para os taiwaneses procedentes desses países.
O premiê taiwanês advertiu que mesmo estrangeiros daqueles países com visto de múltiplas entradas em Taiwan serão barrados nos aeroportos. O ministro das Relações Exteriores do Canadá declarou que a medida adotada por Taiwan é um exagero e que irá recorrer da decisão de banir turistas canadenses do país.
Ainda ontem, o Ministério da Saúde canadense divulgou que sediará, em Toronto, na quarta-feira e na quinta-feira desta semana, uma nova conferência sobre a epidemia de pneumonia asiática. O encontro irá discutir formas de tratamento da doença e novas frentes de combate à epidemia.
Segundo a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, Gro Harlem Brundtland, ainda há tempo para erradicar a Sars do globo se as nações afetadas tomarem as medidas apropriadas de combate à epidemia.
Segundo Brundtland -que chamou a pneumonia asiática de "a primeira epidemia mundial do século 21"-, a Sars não precisa virar uma endemia virótica nos moldes da Aids ou da gripe espanhola.
Mesmo com o plano de prevenção acordado no encontro de ministros da saúde realizado no último sábado na Malásia e com as demais medidas tomadas pelos países afetados pela epidemia, o pânico tomou conta ontem de Hong Kong com a divulgação de um e-mail que denunciava a presença do vírus da pneumonia asiática nos filtros de ar do metrô da cidade. A polícia local está investigando o caso. Só ontem, Hong Kong contou 12 novas vítimas fatais da Sars e 16 novos casos da doença. Foram mais de 50 mortes na Ásia e no Canadá no final de semana.

Prisão e multas
Nas Filipinas, depois de um caso de morte e um de contágio, a presidente Gloria Arroyo ameaçou instaurar penas de detenção para as pessoas que não respeitaram as medidas de quarentena adotadas para prevenir a propagação da doença.
Em Cingapura, a medida já é oficial: quem desobedecer à ordem de quarentena imposta pelo governo passará seis meses na prisão ou terá de pagar uma fiança de nada menos que US$ 5.600.
Com receio de que a epidemia chegue à Europa, o premiê italiano Silvio Berlusconi ordenou que oficiais da Defesa Civil coordenem medidas anti-Sars nos aeroportos internacionais do país.
Israel também anunciou ontem que passará a realizar exames em passageiros provenientes de regiões afetadas pela epidemia de Sars no aeroporto internacional de Tel Aviv.
Pelo menos 312 pessoas já morreram em todo o mundo devido à Sars, que surgiu na província chinesa de Guangdong no final do ano passado e já foi levada por passageiros de vôos internacionais para mais de 20 países.
Há mais de 5.014 casos de pessoas infectadas pela pneumonia asiática até hoje e milhares de pessoas foram isoladas por um período de dez dias, tempo de incubação do vírus da Sars.
Apesar de a China e Hong Kong concentrarem dois terços dos casos de morte por Sars, Cingapura já conta com 22 mortos, e o Canadá (o único país fora da Ásia atingido pela epidemia), com 21 casos fatais da doença.

Impacto econômico
Hotéis, companhias aéreas e comerciantes desses países já registraram queda nos negócios. Segundo a edição de hoje do semanário americano "Time", o avanço da epidemia de Sars terá impacto econômico severo. O custo mundial da pneumonia asiática gira em torno dos US$ 30 bilhões.
O banco de investimentos J.P.Morgan estima que Toronto, destino turístico desaconselhado publicamente pela OMS na última quarta-feira, está perdendo US$ 30 milhões diariamente devido à Sars.
Segundo a revista, os economistas prevêem que a China e a Coréia do Sul possam perder aproximadamente US$ 2 bilhões em turismo, produtividade e vendas em consequência direta da propagação dessa doença.
O Japão e Hong Kong podem perder até US$ 1 bilhão por causa da epidemia desse vírus. Taiwan e Cingapura podem perdem quase o mesmo valor.


Com agências internacionais


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