São Paulo, sábado, 28 de abril de 2007

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Alan García governará por decreto sobre segurança

Presidente peruano obtém do Congresso superpoder para legislar durante 60 dias

García promete "mão dura" contra o crime, enquanto enfrenta greve de cocaleiros e protestos de mineiros, que planejam parar na segunda

DA REDAÇÃO

Quando a segurança é o principal motivo de preocupação dos peruanos, e em meio a uma greve de cocaleiros, o presidente do Peru, Alan García, recebeu do Congresso do país poderes especiais para legislar, por decreto, sobre temas de segurança interna, terrorismo e combate ao narcotráfico pelo período de 60 dias.
García promete uma legislação "linha dura" contra o crime. "Precisamos da mão sancionadora do Estado e da decisão do Poder Judiciário e do Ministério Público. A guerra contra a violência compromete a todos. Creio que tudo que fizermos para ganhar em celeridade será agradecido. Isso é o que pede o povo: mão dura. E faremos isso legalmente", discursou ontem.
A carta branca para o Executivo peruano foi aprovada na noite de anteontem. O governo venceu por 49 votos a 7, com o apoio do grupo do ex-presidente Alberto Fujimori e do partido Unidade Nacional, conservadores que fazem oposição.
Parlamentares do partido Nacionalista, do ex-candidato à Presidência Ollanta Humala, e do União pelo Peru deixaram o plenário durante a votação.

Agitação social
O anúncio da "ofensiva" contra o crime acontece quando García enfrenta protestos e uma greve promovidos por um sindicato de plantadores de coca, o mais radical do país, que reagiu à política oficial de "tolerância zero" às plantações de coca lançada há duas semanas.
O presidente peruano se recusa a negociar com os líderes do movimento, da região central de selva, aos quais acusa de agir a mando dos "barões do narcotráfico" e de setores remanescentes do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso.
O programa oficial -que tem o apoio dos EUA- quer transferir os agricultores do plantio de coca para cultivos alternativos. Entre outros pontos, o grupo cocaleiro em greve diz preferir que os usos legais da coca sejam incentivados e querem que o governo interrompa a destruição das plantações.
O Peru é o segundo maior produtor de folha de coca do mundo, depois da Colômbia, segundo a ONU. Segundo o governo, 90% do que é plantado vai para a produção de cocaína.
Aos cocaleiros em greve podem se juntar ainda cerca de 100 mil mineiros na segunda-feira, que protestam para que mineradoras cumpram acordos trabalhistas e façam melhorias de infra-estrutrua nas regiões onde ficam as minas. A mineração é a principal fonte de arrecadação do Peru.
Há ainda ameaça de paralisação por 48 horas dos controladores de vôo do país.
"Setores que vivem do atraso e da barbárie se opõem à ação do Estado. O Peru passará sobre eles", disse García.
O analista político Carlos Reyna, ouvido pelo jornal peruano "La Republica", afirmou que García, no poder há nove meses, escolheu a "linha dura" para lidar com os cocaleiros e movimentos sociais em geral, o que é prejudicial porque "polariza ainda mais" os conflitos." "Vejo um gabinete que vai muito bem com o setor empresarial, mas mal com setores sociais", disse.


Com agências internacionais


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