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Alan García governará por decreto sobre segurança
Presidente peruano obtém do Congresso superpoder para legislar durante 60 dias
García promete "mão dura" contra o crime, enquanto enfrenta greve de cocaleiros e protestos de mineiros, que planejam parar na segunda
DA REDAÇÃO
Quando a segurança é o principal motivo de preocupação
dos peruanos, e em meio a uma
greve de cocaleiros, o presidente do Peru, Alan García, recebeu do Congresso do país poderes especiais para legislar, por
decreto, sobre temas de segurança interna, terrorismo e
combate ao narcotráfico pelo
período de 60 dias.
García promete uma legislação "linha dura" contra o crime.
"Precisamos da mão sancionadora do Estado e da decisão do
Poder Judiciário e do Ministério Público. A guerra contra a
violência compromete a todos.
Creio que tudo que fizermos
para ganhar em celeridade será
agradecido. Isso é o que pede o
povo: mão dura. E faremos isso
legalmente", discursou ontem.
A carta branca para o Executivo peruano foi aprovada na
noite de anteontem. O governo
venceu por 49 votos a 7, com o
apoio do grupo do ex-presidente Alberto Fujimori e do partido Unidade Nacional, conservadores que fazem oposição.
Parlamentares do partido
Nacionalista, do ex-candidato à
Presidência Ollanta Humala, e
do União pelo Peru deixaram o
plenário durante a votação.
Agitação social
O anúncio da "ofensiva" contra o crime acontece quando
García enfrenta protestos e
uma greve promovidos por um
sindicato de plantadores de coca, o mais radical do país, que
reagiu à política oficial de "tolerância zero" às plantações de
coca lançada há duas semanas.
O presidente peruano se recusa a negociar com os líderes
do movimento, da região central de selva, aos quais acusa de
agir a mando dos "barões do
narcotráfico" e de setores remanescentes do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso.
O programa oficial -que tem
o apoio dos EUA- quer transferir os agricultores do plantio
de coca para cultivos alternativos. Entre outros pontos, o grupo cocaleiro em greve diz preferir que os usos legais da coca sejam incentivados e querem que
o governo interrompa a destruição das plantações.
O Peru é o segundo maior
produtor de folha de coca do
mundo, depois da Colômbia,
segundo a ONU. Segundo o governo, 90% do que é plantado
vai para a produção de cocaína.
Aos cocaleiros em greve podem se juntar ainda cerca de
100 mil mineiros na segunda-feira, que protestam para que
mineradoras cumpram acordos trabalhistas e façam melhorias de infra-estrutrua nas
regiões onde ficam as minas. A
mineração é a principal fonte
de arrecadação do Peru.
Há ainda ameaça de paralisação por 48 horas dos controladores de vôo do país.
"Setores que vivem do atraso
e da barbárie se opõem à ação
do Estado. O Peru passará sobre eles", disse García.
O analista político Carlos
Reyna, ouvido pelo jornal peruano "La Republica", afirmou
que García, no poder há nove
meses, escolheu a "linha dura"
para lidar com os cocaleiros e
movimentos sociais em geral, o
que é prejudicial porque "polariza ainda mais" os conflitos."
"Vejo um gabinete que vai muito bem com o setor empresarial, mas mal com setores sociais", disse.
Com agências internacionais
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