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entrevista
Senador culpa "cooperativa narcotraficante"
MARIA CAROLINA ABE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em entrevista por telefone à Folha, o senador
Robert Acevedo se diz
convencido de que o PCC
está por trás do ataque
contra ele.
FOLHA - O senhor se lembra
do atentado que sofreu?
ACEVEDO - Estava perto de
casa e escutei os tiros contra minha caminhonete, e
me dei conta de que meu
motorista e meu segurança estavam mortos. Eles
continuaram a atirar, eu
saí do carro e comecei a
correr. Levei dois tiros no
braço, o que é um milagre,
porque a caminhonete levou 60 tiros de fuzil e outras armas de guerra.
FOLHA - O sr. viu as pessoas
que atiraram?
ACEVEDO - Não deu tempo
de ver. Só vi o veículo, que
tinha placa de São Paulo. O
atentado foi cometido por
gente de grupos criminosos organizados do Brasil,
pagos por narcotraficantes paraguaios e brasileiros, uma cooperativa narcotraficante, digamos.
FOLHA - O sr. diz que o PCC
está por trás desse ataque?
ACEVEDO - Sim, o PCC é
muito forte aqui nessa zona. Temos informações de
que cometeram esse atentado agora porque denunciei muitos narcotraficantes da fronteira do Brasil
com o Paraguai.
FOLHA - Qual foi o último caso denunciado?
ACEVEDO - Em janeiro
houve uma grande
apreensão de cocaína, 300
kg, 500 kg. Estão dispostos
a matar todos que se ponham em seu caminho. Fizemos um bom trabalho
com a polícia brasileira.
Então tentaram me matar.
FOLHA - O que pensa em fazer agora?
ACEVEDO - Vou me cuidar
mais, mas essa é uma luta
que não pode parar. Temos que trabalhar coordenadamente, porque esse é
um mal que afeta não só ao
Paraguai e ao Brasil, mas
também a outros países.
Temos de atuar de forma
conjunta, porque a força
do narcotráfico aqui nessa
região é muito mais poderosa do que a polícia brasileira ou a polícia paraguaia. Eles estão armados
e têm muitos homens. Somente aqui em Pedro
Juan Caballero há mais de
cem soldados do PCC.
FOLHA - Existe algum lado
positivo em tudo isso que
aconteceu?
ACEVEDO - O ponto positivo é que não conseguiram
me matar. O ponto negativo é que demostraram que
podem atentar contra o
poder do Estado, porque
eu sou parte integrante do
poder do Estado. Realmente é lamentável, porque não podemos parar o
narcotráfico. Eles podem
morrer, mas isso vai continuar. Se capturam dez traficantes, aparecem cem.
Temos família, filhos que
reclamam conosco por essa luta. Não é nada fácil.
Acho que é quase impossível que alguém tenha saído vivo daquele veículo.
Sei que minha vida vai mudar a partir de agora.
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