São Paulo, quarta-feira, 28 de abril de 2010

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Congresso dos EUA é redefinido por latinos

Minoria influenciará a redistribuição dos assentos dos Estados na Câmara

Alocação de assentos será revista em função do Censo 2010, que mostrará salto populacional latino antes das eleições legislativas


ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

O rápido crescimento da população latina nos EUA terá importante impacto político neste ano não só pelo aumento de 80% verificado na participação no eleitorado, mas também pela influência na redistribuição de vagas para cada Estado no Congresso.
Essas são as conclusões de estudos recentes de "think tanks" ligados a grupos políticos em Washington, cada vez mais atentos aos latinos devido às implicações diretas de suas preferências já nas eleições legislativas de novembro.
O NDN, ligado aos democratas, divulgou ontem o "Hispanic Rising 2010" (crescimento latino), que dá um alerta ao partido ao mostrar que, nas três últimas eleições presidenciais, a participação latina dentre os votantes foi de 5% para 9%.
Após afirmar que os latinos já são 15% da população -a maior minoria- e deverão ser 30% em 2050, o NDN afirma claramente que "a combinação do Censo 2010 e as eleições de novembro" geram a necessidade de prestar atenção extra na "crescente influência e poder da comunidade hispânica".
A referência ao Censo se deve à expectativa de importantes mudanças na distribuição de vagas da Câmara após seus resultados, já que a alocação de assentos é atrelada à população de cada Estado. O NDN cita projeções de 2009 da firma bipartidária Election Data Services para afirmar que 19 Estados verão mudanças em sua representatividade depois do Censo 2010 -oito ganharão assentos, e 11 perderão.
Dado que o crescimento da população latina corresponde a 51% do crescimento geral da população americana desde 2000, o grupo tem boa parcela de influência nas alterações.
Isso fica mais claro quando se analisa os Estados que mais ganham vagas segundo a projeção: Texas (com quatro assentos a mais) e Arizona (dois). Nesses dois Estados, os latinos contribuíram com quase 60% do crescimento populacional total nos últimos dez anos.
Também devem ganhar assentos Flórida, Geórgia, Nevada, Oregon, Carolina do Sul e Utah. Os que perdem são Ohio, Illinois, Iowa, Louisiana, Massachusetts, Michigan, Pensilvânia, Nova York e Nova Jersey.
Mas mesmo entre os que perdem a estimativa é que o resultado seria pior se não fosse pelos latinos, que representam 77% do crescimento combinado desses Estados. Além disso, em todo o país, o registro de eleitores latinos cresceu 54% e o comparecimento latino cresceu 64% entre 2000 e 2008.
Apesar de terem votado em peso em Barack Obama em 2008 (67%), os latinos apontam decepção com o presidente, e 50% classificam sua atuação como medíocre ou ruim.
Outro estudo divulgado ontem, do Birô do Censo dos EUA, mostra que aumentou em 211% o número de pessoas que falam espanhol em casa no país de 1980 a 2007, contra 34% de aumento dos que falam inglês.
Os que falam inglês em casa ainda representam a maioria -80%. Mas, no total, o número de pessoas nos EUA com mais de cinco anos que falam outra língua aumentou 140%.


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