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Amorim exorta Irã a dar garantias nucleares
Chanceler reitera apoio a uso pacífico, mas diz que todas as "ambiguidades" do programa iraniano precisam ser eliminadas
Ministro não descarta que
a troca de urânio prevista na proposta de agência nuclear da ONU a Teerã possa vir a ocorrer em terras brasileiras
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse
em Teerã que o governo iraniano precisa dar garantias à comunidade internacional de que
seu programa nuclear não tem
fins militares, como afirma.
O chanceler deixou o Irã após
reunir-se com o presidente
Mahmoud Ahmadinejad. Destinada a preparar a visita do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ao país, em maio, a passagem de Amorim pelo Irã foi dominada pelo impasse nuclear e
a tentativa do Brasil de promover uma solução negociada.
Segundo a agência de notícias oficial Irna, Ahmadinejad
disse a Amorim que é preciso
criar uma "nova ordem mundial". "Irã e Brasil podem desempenhar um papel importante na criação de uma nova
ordem baseada na justiça", disse o presidente iraniano.
Em entrevista coletiva com o
chanceler iraniano, Manouchehr Mottaki, Amorim apelou
ao Irã e ao Ocidente para que
mostrem mais flexibilidade.
"O Irã deve ter o direito de
manter atividades nucleares
pacíficas, mas a comunidade
internacional deve receber garantias de que não haverá violações nem desvios para o uso
militar", disse Amorim, acrescentando que todas as "ambiguidades" do programa iraniano precisam ser eliminadas.
Procurado pela Folha pouco
antes de deixar Teerã, Amorim
definiu as conversas que teve
no país como "profundas, complexas e não definitivas".
Há pouco mais de um mês,
quando Lula esteve em Jerusalém, Amorim antecipou que o
presidente irá cobrar de Ahmadinejad, na visita do próximo
mês a Teerã, garantias de que o
programa nuclear iraniano é
pacífico. Não entrou em detalhes, mas observou que tais garantias precisam ser "convincentes" para a comunidade internacional.
Amorim chegou ao Irã depois de visitar Turquia e Rússia, onde o foco das conversas
também foi o tema nuclear. O
governo russo tem endurecido
o tom e mostrado inclinação a
apoiar uma nova rodada de
sanções contra Teerã no Conselho de Segurança da ONU.
Turquia e Brasil, contrários a
sanções, discutem com o Irã
fórmulas que viabilizem a implementação do acordo proposto pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) em 2009. Ele prevê a troca
do estoque iraniano de urânio
pouco enriquecido por urânio
enriquecido a 20%, nível insuficiente para fins bélicos.
O chanceler iraniano afirmou que a proposta continua
relevante. "Temos esperança
de que a troca entre em operação no futuro próximo." Mottaki disse esperar do Brasil um
papel importante nas discussões na ONU.
O Brasil ocupa atualmente 1
das 10 cadeiras rotativas do
Conselho de Segurança. Para
que sanções sejam aprovadas,
são necessários ao menos nove
votos, e que não haja veto de
nenhum dos membros permanentes (Rússia, EUA, China,
França e Reino Unido).
À agência Irna Amorim não
descartou que a troca do urânio
por combustível prevista na
proposta da AIEA ocorra no
Brasil. "Até o momento, não
houve uma proposta. Mas, se a
recebermos, será examinada."
Com agências internacionais
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