São Paulo, quarta-feira, 28 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Garcia teme movimento que culmine com invasão

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em meio às ameaças internacionais de sanções ao Irã por suposta produção de armas nucleares, o assessor da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse ontem que cresce o "movimento contrário" ao país persa, o que pode resultar na sua invasão militar.
Ao comentar a possibilidade de invasão do país, Garcia comparou o Irã a uma pasta de dentes. "O problema é o seguinte: quando se começa um determinado movimento [pró-invasão], parar esse movimento, às vezes, é difícil. Você não consegue pôr a pasta de dentes para dentro do tubo, empurrar para fora é muito fácil", afirmou.
Garcia disse que "já tiraram a tampinha" da pasta de dentes, numa referência à possibilidade de invasão do país por tropas de países contrários ao enriquecimento de urânio pelo país, como os EUA. Na opinião dele, a eventual invasão do Irã vai trazer danos "muitos maiores" do que os registrados durante a ocupação do Iraque pelos EUA em consequência da "alta explosividade" da região.
"O Irã não é o Iraque, são países diferentes, é um país com grande civilização. Não é uma construção abstrata como foi o Iraque pós-Segunda Guerra."

Cuba
A convite da oposição, Garcia participou ontem de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara para explicar sua declaração de que "em todos os países há desrespeito a direitos humanos", usada em março para comentar a morte por greve de fome do dissidente cubano Orlando Zapata Tamayo.
Em fevereiro, um dia após a morte de Tamayo, o presidente Lula recebeu críticas ao afirmar que a Justiça de Cuba deve ser respeitada por prender pessoas com base na lei local. A oposição interpretou a declaração do petista como contrária aos direitos humanos.
Garcia negou que Lula endosse violações a direitos humanos. "O presidente fez um comentário de que importa tanto a defesa de prisioneiros comuns como aqueles aos quais se possam atribuir delitos de opinião." E disse que a oposição não tem "autoridade" para questionar a política externa do governo brasileiro, nem sua ligação com países como Cuba e Venezuela. (GABRIELA GUERREIRO)


Texto Anterior: Amorim exorta Irã a dar garantias nucleares
Próximo Texto: Foco: Parlamentares ucranianos trocam socos na aprovação de pacto naval com a Rússia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.