São Paulo, domingo, 28 de maio de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Saiba mais sobre o governo Fujimori

DO ENVIADO ESPECIAL

O presidente Alberto Fujimori deverá conquistar hoje seu terceiro mandato consecutivo sob críticas de antigos aliados, os mesmos que nos últimos dez anos lhe deram suporte para que governasse o Peru com seguidas ações de desrespeito às regras democráticas.
Quando aplicou o chamado autogolpe em 92 -com a dissolução do Congresso, intervenção no Judiciário e suspensão das garantias constitucionais-, Fujimori também foi criticado, mas não chegou a ter a legitimidade de seu governo contestada.
Os governos europeus e dos EUA também não deixaram de apoiar Fujimori quando a luta contra o terrorismo no país produziu uma série de desmandos no campo dos direitos humanos.
Fujimori introduziu no país a figura dos "juízes sem rosto" -magistrados especiais que atuavam sob o manto do anonimato em julgamentos de supostos terroristas.
Entidades de defesa dos direitos humanos denunciaram que o governo peruano utilizava mecanismos de exceção para perseguir adversários políticos.
No entanto, a mão firme de Fujimori produziu também a derrota do Sendero Luminoso e do Movimento Revolucionário Tupac Amarú, os principais grupos terroristas do país. Sem o fantasma do terrorismo, o Peru atraiu investidores estrangeiros e enriqueceu empresários locais.
No combate ao narcotráfico, Fujimori também foi um aliado de primeira hora dos EUA. Nos últimos três anos, 37 mil hectares de plantação de coca foram substituídos por cultivos alternativos.
Em 95, Fujimori foi reeleito sob denúncias de fraude, mas naquela ocasião contou com o aval da OEA (Organização dos Estados Americanos) e dos EUA.
Três anos depois, Fujimori fez passar no Congresso lei que lhe permitia concorrer pela terceira vez consecutiva à Presidência, apesar de a Constituição prever somente dois mandatos seguidos. Mais uma vez, foi tolerado pela comunidade internacional.
Fujimori foi "rifado" somente depois da ascensão de Alejandro Toledo, uma alternativa democrática que propunha a manutenção da política econômica liberal adotada há dez anos no país. (LF)


Texto Anterior: Chefe de Inteligência sai fortalecido
Próximo Texto: Oriente Médio: Retirada enfraquece controle sírio
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.