São Paulo, domingo, 28 de maio de 2000


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Empresa investiga casos para prefeitura

DE LONDRES

Uma prefeitura de um distrito de Londres tomaram uma atitude inédita: privatizaram o combate ao racismo. Uma das regiões mais pobres do Reino Unido, Newham abriu licitação pública e contratou uma empresa para receber queixas, investigar e tomar providências legais em casos de ataques.
A companhia escolhida se chama Alert e é dirigida pelos empresários Paul Dowling e Barry Bracken. Eles desenvolveram um sistema original. Quando alguém presta queixa de ataque racista, a Alert manda um "detetive com consciência social", como eles chamam, para investigar o caso.
Na maioria das vezes, eles esclarecem se as denúncias são procedentes e quem são os autores do ataque ao ouvir os depoimentos das pessoas das comunidades. Mas, em alguns casos, apelam para outras técnicas, como esconder uma filmadora para reunir provas contra um vizinho que picha a porta ou joga pedras na janela de uma vítima de ataque racista.
O passo seguinte é levar as provas à Justiça e pedir que o agressor seja expulso da casa onde mora, já que a maioria dos residentes de Newham usa residências da prefeitura, que cobra aluguel muito mais baixo do que o cobrado por companhias privadas.
"Nossa única arma é punir os agressores com a expulsão de suas casas. Isso costuma funcionar porque intimida quem está pensando em fazer algum ato agressivo", diz Dowling.
Foi assim que os "detetives com consciência social" conseguiram expulsar cinco famílias que, durante 12 anos, atormentaram, ameaçaram e agrediram vizinhos no bairro de Walthamstow. Os funcionários da Alert reuniram provas de que até crianças de quatro anos de idade estavam aterrorizando os vizinhos, jogando cacos de vidro na caixa de correio.
Num distrito vizinho a Newham, a Alert faz um trabalho ainda mais radical. Ali, eles foram contratados para investigar, denunciar e tomar providências contra discriminação, seja por cor, religião, sexo, idade, renda ou outra razão qualquer. "Se a pessoa não for atendida no serviço público porque é pobre demais, por exemplo, nós somos acionados para defendê-la", explica Bracken. (RG)


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