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Presidente diz apenas responder aos ataques
DA ENVIADA ESPECIAL A CARACAS
"Eles me mandam chumbo, eu
respondo com chumbo. O que
eles querem, que eu fique de braços cruzados?", diz o presidente
venezuelano, Hugo Chávez, a
uma multidão reunida na praça
Simón Bolívar, no que seria o último comício da campanha em Caracas, na última quarta-feira, antes do adiamento das eleições
marcadas inicialmente para hoje.
O alvo da sua artilharia verbal
são os meios de comunicação,
com quem mantém relações no
mínimo complicadas.
Na quinta-feira, antes de iniciar
uma entrevista coletiva em um
hotel da capital, cumprimentou
vários jornalistas pelo nome, prometeu entrevistas e atendeu, com
muita simpatia, o pedido de uma
das jornalistas: que fosse liberado
o equipamento da TV local Globovisión, que havia sido retido.
O canal é chamado pelo presidente de "Plomovisión", por ser
um dos meios que lhe "lançam
chumbo". De fato, a programação
da Globovisión não faz concessões a Chávez. O tom crítico é a
tônica, os apresentadores fazem
comentários geralmente desabonadores ao governo. Em alguns
programas de entrevistas, o presidente "leva chumbo" do entrevistado e do entrevistador.
O discurso do governo, por sua
vez, estimula agressões aos jornalistas, afirmam associações de imprensa como o Colegiado Nacional de Jornalistas, segundo o qual
repórteres vêm denunciando
agressões físicas e verbais.
Segundo a entidade, os profissionais temem por sua integridade física e resistem a cobrir eventos relacionados a movimentos
políticos, especialmente os do
partido do presidente.
"Inimigos do povo"
Membros do governo chegaram
a afirmar que os jornais prejudicavam o país ao publicar notícias
sobre o crescimento da violência.
Segundo pesquisas, 90% da população desaprova o tratamento dado ao governo em relação à questão da segurança.
"Infelizmente, o discurso do
presidente Hugo Chávez nos
apresenta como inimigos do povo
e até nos dá a impressão de sentir
vergonha de nossa profissão, ao
termos de esconder o crachá na
rua para que as pessoas não nos
identifiquem", afirma o secretário-geral do Sindicato Nacional
dos Trabalhadores da Imprensa,
Gregorio Salazar.
O governo, no entanto, nega
que haja pressões e afirma que
"nunca houve um governo que
respeitasse tanto a liberdade de
expressão como o bolivariano",
como disse Chávez, no mesmo
comício. "É totalmente falso que
eu esteja em enfrentamento com
a imprensa", disse ao público, enviando saudações aos jornalistas
presentes ao evento.
"O governo lhes garante respeito à liberdade de expressão e de
crítica. Os meios de comunicação
devem se pôr a serviço dos interesses nacionais, divulgar programas educativos. Não que as novelas não sejam boas, mas por que
não passar um bom programa de
folclore venezuelano?"
(LP)
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