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ELEIÇÃO NOS EUA
Virtual candidato democrata à Presidência defende que o país volte a liderar e não seja apenas temido
Kerry promete "mudança radical" na política externa
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O virtual candidato do Partido
Democrata à Presidência norte-americana, John Kerry, defendeu
ontem uma "mudança radical"
na política externa dos EUA para
combater o terrorismo internacional e "reparar os estragos" da
administração do presidente
George W. Bush em relação a seus
tradicionais aliados.
"Há uma forte expectativa no
mundo por uma América que ouça e lidere novamente -por uma
América que seja respeitada, não
apenas temida", disse o senador.
Kerry prometeu também "responder com força total" a qualquer ataque terrorista contra os
EUA que por ventura ocorra durante seu eventual mandato.
Nos próximos dias, o democrata fará uma série de discursos sobre segurança interna e combate
ao terror.
O objetivo de Kerry é tirar o máximo de vantagem dos níveis recordes de desaprovação popular
de Bush -principalmente por
causa da atual situação no Iraque- e reforçar suas posições em
uma área onde o atual presidente
mantém a credibilidade, segundo
as pesquisas.
Em uma nova pesquisa da rede
de TV CBS, Kerry aparece agora
com oito pontos de vantagem sobre Bush caso a eleição de novembro fosse realizada hoje. O democrata tem 49% das intenções de
votos, contra 41% de Bush.
Falando sobre o Iraque, Kerry
acusou Bush de "apelar à força
antes de exaurir todos os esforços
diplomáticos. Eles [Bush e sua
equipe de assessores] decidiram
atuar sozinhos em vez de montar
um time", disse o candidato.
Como senador, Kerry votou a
favor do uso da força no Iraque e,
em termos de política externa,
tem visões parecidas com as de
Bush, como na questão do conflito entre israelenses e palestinos.
O democrata enfatizou também
que, se eleito, sua prioridade será
evitar que redes terroristas como
a Al Qaeda obtenham armas de
destruição em massa, especialmente mísseis atômicos.
Sem qualquer detalhamento de
suas políticas, Kerry disse também que pretende diminuir a dependência americana do petróleo
do Oriente Médio, reformular as
Forças Armas e usar melhor os
serviços de inteligência.
Nas últimas semanas, vários
membros do Partido Democrata
vinham cobrando de Kerry uma
postura mais agressiva para ajudar a reforçar o crescente sentimento anti-Bush. O ex-vice presidente Al Gore, derrotado por
Bush em 2000, pediu a renúncia
de vários assessores de Bush anteontem por causa da instabilidade no Iraque do pós-guerra.
Kerry, no entanto, preferiu uma
estratégia moderada, de críticas
pontuais e de apresentação de
"políticas propositivas".
Ao manter-se afastado de qualquer radicalismo nessa fase da
campanha, Kerry tenta agradar
tanto o eleitor democrata quanto
os republicanos e indecisos descontentes com Bush.
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