São Paulo, sexta-feira, 28 de maio de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Virtual candidato democrata à Presidência defende que o país volte a liderar e não seja apenas temido

Kerry promete "mudança radical" na política externa

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O virtual candidato do Partido Democrata à Presidência norte-americana, John Kerry, defendeu ontem uma "mudança radical" na política externa dos EUA para combater o terrorismo internacional e "reparar os estragos" da administração do presidente George W. Bush em relação a seus tradicionais aliados.
"Há uma forte expectativa no mundo por uma América que ouça e lidere novamente -por uma América que seja respeitada, não apenas temida", disse o senador.
Kerry prometeu também "responder com força total" a qualquer ataque terrorista contra os EUA que por ventura ocorra durante seu eventual mandato.
Nos próximos dias, o democrata fará uma série de discursos sobre segurança interna e combate ao terror.
O objetivo de Kerry é tirar o máximo de vantagem dos níveis recordes de desaprovação popular de Bush -principalmente por causa da atual situação no Iraque- e reforçar suas posições em uma área onde o atual presidente mantém a credibilidade, segundo as pesquisas.
Em uma nova pesquisa da rede de TV CBS, Kerry aparece agora com oito pontos de vantagem sobre Bush caso a eleição de novembro fosse realizada hoje. O democrata tem 49% das intenções de votos, contra 41% de Bush.
Falando sobre o Iraque, Kerry acusou Bush de "apelar à força antes de exaurir todos os esforços diplomáticos. Eles [Bush e sua equipe de assessores] decidiram atuar sozinhos em vez de montar um time", disse o candidato.
Como senador, Kerry votou a favor do uso da força no Iraque e, em termos de política externa, tem visões parecidas com as de Bush, como na questão do conflito entre israelenses e palestinos.
O democrata enfatizou também que, se eleito, sua prioridade será evitar que redes terroristas como a Al Qaeda obtenham armas de destruição em massa, especialmente mísseis atômicos.
Sem qualquer detalhamento de suas políticas, Kerry disse também que pretende diminuir a dependência americana do petróleo do Oriente Médio, reformular as Forças Armas e usar melhor os serviços de inteligência.
Nas últimas semanas, vários membros do Partido Democrata vinham cobrando de Kerry uma postura mais agressiva para ajudar a reforçar o crescente sentimento anti-Bush. O ex-vice presidente Al Gore, derrotado por Bush em 2000, pediu a renúncia de vários assessores de Bush anteontem por causa da instabilidade no Iraque do pós-guerra.
Kerry, no entanto, preferiu uma estratégia moderada, de críticas pontuais e de apresentação de "políticas propositivas".
Ao manter-se afastado de qualquer radicalismo nessa fase da campanha, Kerry tenta agradar tanto o eleitor democrata quanto os republicanos e indecisos descontentes com Bush.


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