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EUROPA
Os premiês espanhol e alemão unem-se a socialistas na França em esforço final pela aprovação da Carta européia amanhã
Zapatero e Schröder pedem "sim" francês
MÁRCIO SENNE DE MORAES
ENVIADO ESPECIAL A PARIS
O premiê socialista espanhol,
José Luiz Rodríguez Zapatero, e
seu colega alemão, o social-democrata Gerhard Schröder, uniram-se ontem a líderes da esquerda da
França num esforço final para
convencer os franceses a aprovar
a Constituição da União Européia
no plebiscito de amanhã.
"Na Alemanha, nós dissemos
"sim" com todo nosso coração. Pedimos aos franceses que digam
"sim" com seu coração e sua cabeça", afirmou Schröder em Toulouse (sudoeste da França) -cujo
evento se conectou via satélite a
outro ato socialista em Lille (norte), onde estava Zapatero.
Schröder, que discursou em alemão, encerrou em francês: "Vive
la France! Vive l'Europe!". O Parlamento alemão aprovou ontem a
Constituição.
Zapatero, por sua vez, pediu
que os franceses não se deixassem
levar por seu descontentamento
com o presidente conservador
Jacques Chirac -para muitos
analistas, a impopularidade do
atual governo está influenciando
a decisão dos eleitores.
Segundo a última pesquisa, o
"não" continua à frente na França, com 55%, mas ainda há entre
20% e 24% de indecisos.
A campanha pelo "sim" marcou
o retorno à cena política, ao menos publicamente, do ex-premiê
socialista Lionel Jospin (1997-2002). Desde o fiasco na eleição
presidencial de 2002, Jospin se
mantinha longe dos holofotes.
Ele disse ainda que é preciso que
os franceses aprovem o tratado
constitucional para que a Europa
não fique "enfraquecida" e para
que a França não acabe "isolada"
no seio do bloco.
No último domingo, várias figuras de ponta do PS afirmaram que
o engajamento de Jospin na campanha era "desejável". Hollande e
Strauss-Kahn afirmaram que a
intervenção televisiva do ex-premiê seria "útil" a alguns dias da
consulta popular.
Alguns analistas crêem que Jospin possa ser candidato a presidente em 2007. "Suas intervenções na televisão foram corretas
no que tange a seu conteúdo, porém ele continua bem pouco carismático", analisou o sociólogo
Dominique Wolton.
François Hollande, líder do Partido Socialista, apareceu em várias redes de TV e de rádio para
afirmar que "não existe plano B" e
que os eleitores não devem esquecer o 21 de abril [de 2002].
Foi uma referência ao primeiro
turno da última eleição presidencial, em que Jospin foi derrotado
por Chirac (centro-direita) e por
Jean-Marie Le Pen, líder da extrema direita. O baixo comparecimento dos socialistas às urnas
ajudou a impedir que ele fosse ao
segundo turno.
Dominique Strauss-Kahn, ex-ministro socialista da Economia,
insistiu em que a Constituição
"não é liberal demais", pois leva
em conta "os anseios das populações européias e os ganhos obtidos no passado". O prefeito de
Paris, o também socialista Bertrand Delanoë, terminou uma
turnê por boa parte do país, em
que buscou "unir as forças progressistas de esquerda em torno
do ideal europeu" e exortou os
eleitores a não misturar a política
doméstica com a européia.
As divisões no PS têm alimentado o campo do "não". Afinal, o
número 2 do partido, Laurent Fabius, é contrário à adoção da
Constituição. Segundo Hollande,
ele pensa em "eleições futuras" ao
defender essa posição. A vitória
do "não" amanhã poderá, portanto, fortalecê-lo internamente.
A derrota, por outro lado, poderá
levá-lo ao ostracismo.
Com agências internacionais
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