São Paulo, quarta, 28 de maio de 1997.



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Pacto favorece relacionamento econômico

de Londres

Depois de meses seguidos de confrontação com o Ocidente, o presidente da Rússia, Boris Ieltsin, deverá apresentar perante o povo russo o acordo com a Otan como uma vitória política.
Segundo Oksana Antonenko, especialista em defesa russa no Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres, o acordo era aguardado com ansiedade pela elite econômica do país.
"O tempo de incerteza e desconfiança acabou. Apesar de a Guerra Fria ter terminado há bastante tempo, o que tivemos nos dois últimos anos foi a disputa entre a Rússia e a Otan sobre a expansão, e essa disputa não permitiu que nenhuma cooperação fosse colocada em prática", disse ela.
O apoio da elite econômica ao pacto significa também que a maior parte da imprensa do país não deve se opor à ação de Ieltsin.
Oficialmente, a posição da Rússia, contrária à expansão da Otan, continua inalterada. Ieltsin tentará convencer seu país de que obteve o máximo de concessões possíveis dos ex-adversários ocidentais.
O presidente russo encontrará, com certeza, forte oposição por parte do Poder Legislativo. A Duma (a câmara baixa do Parlamento) é dominada pela oposição.
Ieltsin, entretanto, é soberano nas decisões sobre as questões de defesa do país e não precisa consultar o Parlamento.
Além disso, no último dia 23, o chanceler russo, Ievguêni Primakov, apresentou o acordo acertado ontem em Paris a deputados, e a reação foi positiva.
Além da oposição comunista, os militares russos são contra os termos do acordo.
"Os militares russos continuam vendo a Otan como uma ameaça ao país", disse Antonenko.
Mas qualquer oposição ao acordo tende a ficar em segundo plano. O setor militar está no momento empenhado na solução de problemas internos do país e na reforma das Forças Armadas.
A especialista disse também que a afirmação de Ieltsin de que não vai mais apontar mísseis nucleares para os países da Otan não deve ser tomada literalmente.
"O que acho que ele quis dizer é que a transformação da Otan irá em frente, que a cooperação tem de continuar para construir uma relação de confiança." (PHB)




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