|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AIDS
Segundo relatório da ONU, síndrome matará um terço dos jovens de 15 anos nos 10 países com maiores taxas de infecção
HIV dizima jovens na África subsaariana
ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO
Se a epidemia do vírus HIV na
África subsaariana não for contida, 1 em cada 3 jovens que têm hoje 15 anos morrerá em consequência da Aids nos dez países
com os maiores índices de contaminação, de acordo com um relatório divulgado ontem pelo
Unaids (Programa das Nações
Unidas para a Aids).
A síndrome provocou a morte
de 2,2 milhões de pessoas na região no ano passado, contra 600
mil no resto do mundo. O total de
mortes no mundo desde 1983
atingiu 18,8 milhões em 1999.
Enquanto os índices de contaminação permaneceram estáveis
no resto do mundo, na África
subsaariana eles continuaram
crescendo. No ano passado, mais
de 4 milhões de pessoas foram infectadas na região. Segundo o relatório do Unaids, dos 34,3 milhões de portadores do vírus HIV
em todo o mundo, 24,5 milhões
(mais de 70%) estão na região.
Em Botsuana, país que tem a
maior taxa de contaminação pelo
HIV no mundo (35,8% da população adulta tem o vírus), dois terços dos jovens que têm 15 anos
hoje morrerão em consequência
da Aids ao longo da vida.
Na África do Sul e no Zimbábue,
onde entre um quinto e um quarto da população adulta está contaminada, a Aids deverá provocar a
morte de metade dos jovens nessa
faixa etária.
Em 16 países da região os portadores do vírus da Aids são mais de
10% da população adulta. No Brasil, o índice de infecção na população adulta é de 0,57%, abaixo da
média mundial, que é de 1,07%,
mas pouco acima da média latino-americana -0,49%.
A consequência desses dados na
África é devastadora, numa região já bastante carente. "A Aids
está agravando a pobreza na região, afetando o tecido econômico e social", disse ontem o diretor-executivo do Unaids, Peter Piot,
durante a divulgação do relatório.
"O HIV tirará a vida de mais de
um terço dos adultos jovens nos
países onde está mais disseminado. Apesar disso a resposta mundial segue sendo somente uma
fração do que poderia ser. Precisamos responder à crise numa escala muito maior do que vem sendo feito até agora", disse Piot.
Impacto econômico
O relatório aponta ainda o papel
da Aids na redução da população
economicamente ativa, provocando um grande impacto econômico. Em Botsuana, por exemplo,
haverá em 20 anos mais idosos
acima de 60 anos que adultos entre 40 e 50 anos.
A Aids está afetando também o
sistema escolar nos países da África subsaariana. Além de provocar
a redução de verbas aplicadas na
educação, com a alocação de verbas para tratamento, o HIV também está tirando a vida de grande
parte dos professores.
Na Zâmbia, 1.300 professores
morreram nos primeiros dez meses de 1998, o equivalente a dois
terços dos novos professores treinados em um ano. Na Costa do
Marfim, 70% das mortes de professores são decorrentes da Aids.
O diretor-executivo do Unaids
defendeu o perdão das dívidas
dos países mais pobres como forma de auxiliar no combate à Aids.
"Está na hora de se fazer uma conexão entre a redução da dívida e
a redução da epidemia", disse.
"Os países africanos estão gastando hoje quatro vezes mais com
o serviço de suas dívidas do que
gastam com saúde e educação. Se
a comunidade internacional perdoar parte da dívida, eles poderão
investir na redução da pobreza e
na contenção do vírus HIV. Senão, a pobreza continuará a alimentar a epidemia", disse Piot.
Texto Anterior: Missão da OEA visita país após eleição suspeita Próximo Texto: Ditadura: Ex-militar confirma na TV chilena assassinatos no Estádio Nacional Índice
|