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Desfecho de crise é vitória política de Kirchner
DE BUENOS AIRES
A renúncia do presidente da
Suprema Corte, Julio Nazareno, é
uma vitória política do presidente
Néstor Kirchner. Desde a sua
posse, em 25 de maio, Kirchner
iniciou uma verdadeira limpeza
nas organizações do país acusadas de envolvimentos com corrupção ou com a última ditadura
militar.
A primeira delas foi trocar praticamente todo o alto comando
das Forças Armadas. Em seguida,
o presidente fez mudanças na Polícia Federal e, depois, deu início à
ofensiva contra Nazareno, conhecido aliado do ex-presidente Carlos Menem (1989-1999), e que resultou na sua renúncia, ontem.
O novo governo também deu
demonstrações de que pretende
acabar com os "fantasmas" do
governo militar (1976-1983).
Não interferiu no pedido de extradição do ex-militar Ricardo
Cavallo para a Espanha, nem nos
recentes pedidos de prisão de ex-militares acusados de violação
dos direitos humanos.
Kirchner também cobrou da
Corte a declaração de insconstitucionalidade das leis de Ponto Final e Obediência Devida, sancionadas durante o governo de Raúl
Alfonsín (1983-1989). As leis permitiram a suspensão de processos contra militares envolvidos
em casos de violação de direitos
humanos durante a ditadura.
Kirchner assinou na semana
passada um decreto que limita
seu poder para designar os juízes
que integram a Suprema Corte.
Os ministro continuam sendo indicados pelo presidente, mas o
critério não é político e sim tempo
de serviço, competência e ética.
Os indicados também terão de
passar por um crivo da sociedade
civil, que poderá impugnar indicações do presidente. Em seguida, o escolhido será sabatinado
no Senado e, só então, assumirá o
cargo.
O objetivo dessa medida é tornar cada vez mais independente a
atuação da Corte, que caiu em
descrédito nos últimos anos por
conta da proximidade da maioria
dos seus integrantes com Menem. Pesquisa recente mostrou
que quase metade da população
não acredita na isenção das decisões da Suprema Corte.
(EC)
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