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Saddam será julgado por genocídio em agosto
Processo por massacre curdo pode adiar eventual execução em caso sobre xiitas
Ex-ditador é acusado de
ataques que deixaram 100
mil mortos nos anos 80;
valas coletivas têm bebês e
crianças com tiros na nuca
DA REDAÇÃO
O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein (1979-2003), que
está sendo julgado pela morte
de 148 árabes xiitas, enfrentará
novo julgamento a partir de 21
de agosto -desta vez, acusado
do genocídio de dezenas de milhares de curdos na chamada
campanha de Anfal.
Ali Hassan al Majeed, primo
do ex-ditador conhecido como
"Ali Químico", também irá a júri -a alcunha vem do seu papel
no massacre, no qual foram
usadas armas químicas. No total, sete pessoas serão acusadas
pela ofensiva na região curda
no norte do Iraque, que destruiu 4.500 vilarejos em 1988.
Estima-se que 100 mil pessoas
tenham sido mortas.
O novo processo tem como
provas fundamentais material
recolhido por investigadores
americanos em valas coletivas.
Em apenas duas, foram encontrados 123 corpos, incluindo os
de 88 crianças e bebês. Todos
foram mortos com um tiro na
nuca. Calcula-se que haja cerca
de 200 valas coletivas no país.
O processo contra Saddam
pela morte de 148 árabes xiitas,
em 1982, deve ser retomado no
próximo dia 10 e concluído nos
próximos meses. A Promotoria
pediu a pena de morte. Mas, se
o ex-ditador for condenado, a
execução deve ser adiada por
apelação da defesa. Além disso,
não está claro se Saddam pode
ser executado antes do fim dos
demais processos contra ele.
Refugiados
A intensificação da violência
sectária fez com que 150 mil
iraquianos deixassem suas casas nos últimos quatro meses,
segundo as Nações Unidas, elevando para 1,3 milhão o número de refugiados no país -eles
já são cerca de 5% dos 25 milhões de habitantes. Muitos foram desalojados ou fugiram
ainda na ditadura de Saddam.
Os números foram divulgados ontem, dois dias após o premiê Nuri al Maliki propor um
plano de reconciliação entre a
minoria árabe sunita e os xiitas.
Grupos árabe-sunitas acenaram com uma trégua, condicionada a algumas exigências.
Ontem, um dos mais importantes grupos árabe-sunitas do
país endossou o plano de reconciliação. O importante clérigo Ahmed Abdul Ghafour declarou o apoio da fundação responsável pelos santuários e
mesquitas sunitas. Já o Conselho Mujahedden Shura, organização que inclui a Al Qaeda no
Iraque, rejeitou o plano.
O apoio de líderes sunitas foi
costurado numa série de visitas
secretas do vice-premiê, o também sunita Salam al Zubaie, a
líderes exilados desta facção islâmica.
Como parte do esforço por
uma trégua, ontem centenas de
detentos foram libertados da
prisão de Abu Ghraib, que ficou
célebre pelas torturas cometidas por americanos. Todos estavam presos sem acusação formal. O premiê anunciou que
pretende libertar 2.500 pessoas até o fim do mês.
A adesão de alguns grupos à
trégua, porém, não impediu
mais um dia de violência. Atentados a bomba deixaram ao menos 15 mortos e 30 feridos.
Com agências internacionais
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