São Paulo, domingo, 28 de junho de 2009

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Kirchner busca vitória para fortalecer governo da mulher

Ex-presidente lidera esforço governista na eleição que renova Congresso argentino

Impopular desde o conflito com o campo, Cristina deve perder maioria no Poder Legislativo; pleito dá início à corrida pela sucessão

Cézaro de Luca/Efe
O ex-presidente Néstor Kirchner, trunfo eleitoral do governo


THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES


Com papéis trocados, Néstor e Cristina Kirchner, o casal que governa a Argentina desde 2003, enfrenta hoje seu maior desafio eleitoral, em uma eleição legislativa que põe em jogo a governabilidade da gestão e abre a corrida presidencial de 2011 no país.
Se em 2005 Cristina fortaleceu a Presidência de Kirchner ao vencer disputa pelo Senado, hoje o ex-presidente busca uma vaga no Congresso como porta-voz de um governo debilitado por um conflito histórico com o campo e pelo fim de seis anos de crescimento econômico.
Com popularidade em 30% desde o confronto com agropecuaristas pelo aumento de impostos sobre exportações, os Kirchner veem a oposição e até dissidentes do peronismo (partido do governo) assumirem o discurso da mudança.
Independentemente do resultado, que deve selar o fim da maioria governista no Congresso, serão eleições marcadas pela estratégia do governo, que adiantou o pleito em quatro meses sob a alegação de encurtar disputas políticas para enfrentar a crise econômica.
Para uma eleição que renova metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado, o governo pôs todas as fichas na Província de Buenos Aires, maior colégio eleitoral, com 37% dos votantes. Repetiu a chapa presidencial de 2003, com Kirchner e seu ex-vice, o hoje governador Daniel Scioli, candidatos à Câmara.
Introduziu assim uma nova atitude política no país, lançando governador, ministro e prefeitos a cargos que não assumirão, para puxar votos e "defender o modelo" kirchnerista.
O governo vê a eleição como um plebiscito da era Kirchner. Em campanha de poucas propostas, pôs a polêmica sobre estatismo contra privatizações no centro do debate.
De palanques que privilegiaram o entorno pobre da Grande Buenos Aires, Kirchner defendeu estatizações do governo de Cristina -como a da Aerolíneas Argentinas e da Previdência privada- e associou os rivais aos governos Carlos Menem (1989-1999) e Fernando de la Rúa (1999-2001).
A oposição chegou dividida ao pleito. Na Província, a maior ameaça ao governo é a Unión-PRO, aliança de centro-direita entre peronistas dissidentes e o prefeito de Buenos Aires e provável candidato à Presidência em 2011, Mauricio Macri.
A chapa da Unión-PRO, encabeçada pelo empresário Francisco de Narváez, polarizou a eleição com Kirchner. As últimas pesquisas não permitiam dizer qual das duas terá mais votos na Província.
A outra força opositora é o Acordo Cívico e Social -aliança de centro-esquerda entre União Cívica Radical, rival histórica do peronismo, e a Coalizão Cívica de Elisa Carrió, segunda colocada na eleição presidencial de 2007. Embora em terceiro lugar na Província de Buenos Aires, é o setor opositor com maior presença nacional.


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