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Briga com campo custa interior aos Kirchner
Governo deve sofrer derrotas para opositores e dissidentes em Córdoba, Mendoza e Santa Fé, além da capital argentina
Resultados podem alavancar
candidaturas à Presidência
do vice de Cristina, Julio
Cobos, e do prefeito de
Buenos Aires, Mauricio Macri
DE BUENOS AIRES
Embora tenha entrado em
fogo baixo durante a eleição,
com os líderes ruralistas ocupados promovendo os 300
"agrocandidatos" que agora
buscam cargos legislativos, o
conflito tributário do governo
com o campo explica o retrocesso do kirchnerismo no interior rural do país.
Os dias de locaute e bloqueios de estradas em 2008,
auge da disputa ainda inconclusa, são a causa da provável derrota do governo nas três maiores Províncias do interior
-Santa Fé, Córdoba e Mendoza- e da estratégia oficial que
concentrou forças na Província
de Buenos Aires para compensar esse revés.
"O conflito rural foi o maior
erro do governo. Gerou rechaço
em distritos-chave, e Cristina
não recuperou sua imagem positiva", diz Orlando D'Adamo,
do Centro de Opinião Pública
da Universidade de Belgrano.
Em Santa Fé e em Córdoba,
agrícolas por excelência, o senador Carlos Reutemann e o
governador Juan Schiaretti, líderes peronistas rompidos com
o kirchnerismo durante o conflito e que ajudaram a aportar
votos a Cristina em 2007, lançaram candidatos próprios e
ensaiam consolidar um novo
eixo do partido.
Com o peronismo dividido
em ao menos 15 dos 24 distritos
eleitorais, com listas pró e contra o governo, a eleição de hoje
assume caráter de "primária
aberta", de reacomodação de
forças rumo à sucessão presidencial de 2011.
"Há um fim de ciclo do kirchnerismo, sobretudo porque,
dentro do peronismo, quando o
líder dá sinal de debilidade, é
trocado", diz o historiador Luis
Alberto Romero. Além de candidato, Kirchner preside o Partido Justicialista (peronista).
Afastamento
Em Santa Fé, o conflito rural
marcou o distanciamento de
Reutemann, que se recusou a
integrar listas com o líder do
governo na Câmara. Se vencer
sua disputa contra os candidatos do governador socialista
Hermes Binner, cotado para
concorrer à Presidência pela
oposição, se cacifará como opção peronista não kirchnerista
para a sucessão.
Mas Reutemann, líder nas
pesquisas, perdeu fôlego na reta final, atingido pela estratégia
socialista de associá-lo a Kirchner. "Com a liderança de Kirchner em decadência, uma derrota de Reutemann trará mais
conflitividade na luta do peronismo", diz a analista Graciela
Römer.
Em Córdoba, o rompimento
com Schiaretti deve reduzir pela metade a votação em candidatos dos Kirchner. "Jamais
vão colocar a Província de joelhos, por mais poderosos que
sejam", disse o governador em
maio, ao lançar sua lista.
Prévia da oposição
A eleição de hoje também define lideranças dentro da oposição. Em Mendoza, por exemplo, está em jogo o futuro do vice-presidente Julio Cobos, que
governou a Província de 2003 a
2007.
Ex-integrante da UCR
(União Cívica Radical), Cobos
rompeu com o governo em julho de 2008, após seu voto de
minerva derrubar no Senado o
projeto oficial que desatou o
conflito com o campo. Desde
então, é um dos políticos com
melhor imagem no país.
Seus candidatos enfrentam o
grupo do governador peronista
Celso Jaque, aliado do governo.
"Uma vitória posiciona Cobos
na linha de frente para 2011",
afirma o analista Fabian Perechodnik. Em reaproximação
com a UCR, Cobos, o governador Binner e Elisa Carrió, segunda colocada nas eleições
presidenciais de 2007, são cotados como os principais candidatos da centro-esquerda opositora para 2011.
Na capital, as pesquisas
apontam vitória do PRO, partido do prefeito, Mauricio Macri,
de centro-direita. O triunfo de
sua lista abre caminho para sua
postulação à Presidência.
(TG)
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