São Paulo, domingo, 28 de junho de 2009

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Uruguai escolhe candidatos à Presidência

Apesar de bem avaliado, presidente Tabaré Vázquez não deve emplacar ex-ministro da Economia Danilo Astori, seu favorito

Ex-guerrilheiro Mujica será provável representante da Frente Ampla; ex-presidente Lacalle deve ser o postulante escolhido por opositores

DA REDAÇÃO

Os uruguaios vão às urnas hoje, quatro meses antes da eleição presidencial, escolher em prévias os candidatos à sucessão do presidente Tabaré Vázquez. O mandatário, o primeiro de esquerda da história, chega à reta final do governo bem avaliado, mas não deve emplacar o seu candidato na consulta -não há reeleição.
Pela FA (Frente Ampla), coalizão de esquerda pela qual se elegeu Vázquez, postulam a vaga o senador e ex-ministro da Pecuária e Agricultura José Mujica, 75, e o ex-ministro da Economia Danilo Astori, 69, arquiteto da bem avaliada gestão econômica de Vázquez e o preferido do presidente.
Mujica, ex-guerrilheiro do Movimento Tupamaro preso por anos durante o regime militar (1973-85), amealha entre 51% e 59% das intenções dos eleitores da FA, segundo as últimas pesquisas. Astori, entre 30% e 35%. O terceiro candidato, Marco Carámbula, fica com entre 7% e 10% das intenções.
O pano de fundo da consulta é o freio na franca recuperação da economia uruguaia dos últimos anos causada pela crise econômica e a rede de programas sociais, que se tornaram esteios do governo Vázquez, o qual em recentes avaliações teve aprovação de mais de 60%.
Mujica, popular entre os estratos mais baixos que aderiram ao governismo nos últimos anos e visto com desconfiança por setores empresariais, prometeu dar sequência à gestão "moderada" da economia e acena com concessões ao grupo de Astori caso seja escolhido.
Astori, arquiteto de um flerte com os EUA por um Tratado de Livre Comércio bilateral que quase causou crise no Mercosul, tem as credenciais da boa gestão econômica. Mas sua campanha, iniciada mais tarde, foi também prejudicada por um problema de saúde que o tirou das ruas até recentemente.
Na principal legenda oposicionista, o PN (Partido Nacional, centro), o favorito é o ex-presidente (1990-95) Luis Alberto Lacalle, 69, que alcança entre 51% e 57% das intenções. Já o seu principal concorrente interno, o senador Jorge Larrañaga, obtém entre 35% e 45%.
Lacalle, cujo governo na década de 90 foi marcado por acusações de corrupção, prega receita "à brasileira". "Na economia, farei uma manobra o mais à direita possível, tipo [o que fez o presidente] Lula quando chegou", disse ele recentemente.
No tradicional PC (Partido Colorado), convertido em terceira força, Pedro Bordaberry deverá ser o escolhido. As prévias definem ainda a ordem dos postulantes ao Congresso.
O sistema de prévias prevê que todos os partidos e coalizões realizem a consulta, facultativa, no mesmo dia. Até o último pleito, um mesmo partido podia apresentar mais de um candidato à Presidência.
É esperado um comparecimento de mais de 50% do eleitorado, ou cerca de 1,3 milhão de pessoas -em uma população de 3,7 milhões. A eleição presidencial, e para o Congresso, será no dia 25 de outubro.

Sucessão
O respaldo ao presidente -que, eleito em 2004, deixou o Partido Socialista no final do ano passado depois de vetar a descriminalização do aborto, apoiada pela legenda-, no entanto, não se traduz em intenção de voto na Frente Ampla.
Segundo pesquisas, a coalizão governista tem hoje cerca de 43% das intenções de voto. O Partido Nacional, 37%, contra 9% do Partido Colorado. Apenas 7% se dizem indecisos.
Para analistas, a margem estreita se deve à polarização assumida pela campanha, e que tende a se acentuar na medida em que se aproxime o pleito para a sucessão de Vázquez.
Se, por um lado, setores populares historicamente ligados a partidos tradicionais migraram para a Frente Ampla nos últimos anos, por outro, os partidos de oposição lograram capitalizar insatisfações enter a classe média, antigos partidários da coalizão governista.
Com agências internacionais



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