São Paulo, domingo, 28 de junho de 1998

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Crescem ataques contra aeromoças nos EUA

ALESSANDRA BLANCO
de Nova York

Uma nova ameaça em vôos de companhias norte-americanas está assustando as aeromoças muito mais do que riscos de acidentes ou terrorismo: a agressão por parte de passageiros descontrolados.
Não há estatísticas nacionais oficiais sobre agressões, mas números apresentados pela Federal Aviation Administration, órgão regulador da aviação, como sendo de "uma das maiores companhias aéreas" dos EUA, mostram que, em 1994, houve 296 incidentes envolvendo passageiros e comissários de vôo, sendo 33 deles com agressões físicas, em 1997, o número de incidentes passou para 921, com 207 agressões.
Neste ano, até março, haviam sido registrados 258 incidentes, com 63 agressões.
Os números foram apresentados em uma sessão especial do Comitê de Aviação do Senado norte-americano, ocorrida em 11 de junho, em que, além da Federal Aviation Administration, foram ouvidos testemunhos de aeromoças agredidas durante vôos, o sindicato de comissários de vôo e o de pilotos.
A idéia é pressionar a própria Federal Aviation Administration (FAA), o governo e as companhias aéreas para a aprovação de uma lei que determine punições severas para as chamadas "interferências" de passageiros com funcionários de companhias aéreas.
Já existe uma regulamentação da FAA que proíbe esse tipo de "interferência", mas isso ainda é considerado muito pouco. Em seu depoimento, Patricia Friend, presidente internacional da Associação de Comissários de Vôo, pediu uma lei que determine, além de uma multa paga pelos "passageiros perturbadores", uma punição com prisão para casos graves.
Entre esses casos estariam o de Christa Tess, que apanhou de um passageiro três vezes durante um vôo, o de Nancy Gray, que teve a bacia quebrada e o joelho deslocado por um passageiro, o de Carol Knaffl, que, ao sair do banheiro do avião, encontrou um passageiro com o pênis fora da calça, que urinou sobre ela, e de outras dezenas de aeromoças (leia textos). Nenhuma delas teve qualquer tipo de apoio por parte de suas companhias aéreas.
"Eu gostaria de colocar duas questões sobre ameaças à segurança em aeronaves. Primeiro, quantas aeronaves americanas tiveram bombas no último ano? Segundo, quantas foram sequestradas? Felizmente, a resposta é nenhuma, porque há medidas de segurança tomadas por companhias aéreas quanto a isso. No entanto, para a pergunta 'quantos vôos tiveram episódios de interferência de passageiros no ano passado?', a resposta é milhares", disse em seu depoimento no Senado o presidente do Comitê de Segurança Nacional da Associação de Pilotos de Avião, capitão Stephen Luckey.
Os motivos das agressões são: alcoolismo (25%), problemas com assento, como pedido negado para mudança para classe melhor (16%), comportamento hostil de passageiros (12%), problemas com a exigência de não fumar durante o vôo (10%), problemas com excesso de bagagem de mão (9%), desagrado com alguma atitude do comissário (8%), entre outros.



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