São Paulo, domingo, 28 de junho de 1998

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"Tentei me livrar, mas ele começou a me bater'

de Nova York

Em 4 de fevereiro de 1997, o dia em que a aeromoça Christa Tessa, 23, teve sua vida "completamente mudada", ela já havia feito três viagens pela American Eagle e estava fazendo a última, de Cleveland para Chicago, em um avião pequeno, com 25 passageiros e, por isso mesmo, apenas com Christa como comissária.
Já na primeira hora de vôo, um dos passageiros, Richard Bowers, começou a importunar comissária que estava viajando como passageira, tentando "apalpá-la" e usando palavras vulgares. Christa o mudou de lugar, para o fundo do avião, deixando Bowers furioso.
Logo em seguida, ao começar o serviço de bordo, Bowers também reclamou da falta de cerveja e da comida. Durante o vôo, foi várias vezes ao banheiro, todas elas permanecendo por 10 minutos.
"Depois, soube que ele ficava lá dentro bebendo uma garrafa de vodca que levou escondida para o avião", contou Christa à Folha.
No momento da aterrissagem, Bowers decidiu sair de seu assento, foi até o fundo do avião, onde Christa já havia sentado e apertado o cinto de segurança, agarrou-a pelo braço e começou a apertar. Depois, sentou-se no chão, disse que havia uma bomba no avião e que ele ficaria lá, vendo-a morrer.
O piloto abortou a aterrissagem e disse que sobrevoaria o aeroporto até que Christa fizesse o passageiro sentar. Bowers começou então a gritar, dizendo que o avião pousaria na água e que só sobreviveria quem soubesse nadar. Os passageiros entraram em pânico. Assim que Christa conseguiu acalmá-los, conseguiu também, com a ajuda de outra pessoa, colocar Bowers no assento e apertar o cinto.
"O avião pousou, mas aí começou a pior parte", conta. Bowers começou a gritar palavrões e, assim que Christa se aproximou, agarrou-a, puxando-a para cima dele. "Tentei me livrar, mas ele começou a me bater. Os passageiros viram, mas ninguém ajudou. Durou 20 minutos até eu conseguir me livrar", disse Christa.
A segurança do aeroporto levou 20 minutos para chegar até o avião, Bowers saiu algemado e foi condenado a 15 meses de prisão.
"Em nenhum momento tive apoio da companhia."
Christa acabou deixando a carreira de aeromoça. "Abandonei meu sonho, voltei a morar com meus pais em Minnesota, estou estudando administração de empresas." (AB)



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