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São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2003

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FILIPINAS

Cerca de 300 militares rendem-se após ocupar prédios na capital; eles exigiam a renúncia da presidente Arroyo

Motim em Manila termina após 19 horas

Jimin Lai/France Presse
Soldados e oficiais que participaram do motim encontram-se com jornalistas no Oakwood Hotel, no centro financeiro de Manila


DA REDAÇÃO

Terminou pacificamente ontem o impasse de cerca de 19 horas provocado por um motim no centro de Manila, nas Filipinas. Os quase 300 soldados amotinados que ocuparam um complexo comercial e residencial no centro da capital, exigindo a renúncia da presidente Gloria Macapagal Arroyo, renderam-se sem que um tiro tivesse sido disparado.
Arroyo anunciou a rendição após horas de negociação e repetidas ameaças de que ela iria esmagar a revolta com tropas leais apoiadas por tanques, blindados e atiradores. "A crise em Makati [bairro] terminou", disse ela, sorrindo, em rede nacional de TV. "Os amotinados serão investigados e seus destinos serão decididos com base no direito militar."
Os filipinos já enfrentaram várias revoltas militares e tentativas de golpe desde que o "poder do povo" expulsou o ditador Ferdinando Marcos, em 1986.
A presidente disse que 296 soldados, incluindo 70 oficiais, estavam "retornando para os quartéis". Horas antes, ela havia declarado "estado de rebelião", dando às autoridades poder para efetuar prisões sem justificativas. Generais leais deslocaram tanques e centenas de soldados para o bairro invadido pelos rebeldes, onde moram filipinos ricos, executivos estrangeiros e diplomatas.
Na semana passada, corriam rumores sobre um possível golpe. A ocupação do complexo Glorietta (formado por um shopping center, um hotel e um edifício residencial) começou logo após Arroyo ter ordenado, no sábado à noite, a prisão de um grupo de oficiais que deserdaram e eram suspeitos de planejar um golpe.
Em uniformes camuflados, os rebeldes invadiram o Glorietta na madrugada de sábado para domingo. "Não estamos tentando tomar o poder. Estamos somente expressando nosso descontentamento", disse à imprensa o tenente da Marinha Antonio Trillanes, um dos líderes do motim.

Corrupção
Os amotinados reclamavam de corrupção e má conduta de oficiais e do governo, bem como de favoritismo nos quartéis e de problemas em um fundo de aposentadoria militar. Eles mostraram um vídeo, acusando o governo de vender armas e munição para rebeldes islâmicos e comunistas, de realizar atentados para justificar mais pedidos de ajuda aos EUA e de estar se preparando para declarar lei marcial.
Angelo Reyes, ministro da Defesa, disse que recomendou a Arroyo que uma comissão independente investigue as acusações dos amotinados sobre a venda de armes para rebeldes e o suposto envolvimento de membros do governo em recentes atentados.
Cinco oficiais -capitães e tenentes-, reconhecidos como os líderes do motim, "irão enfrentar as consequências do que fizeram", disse o general Narciso Abaya, chefe das Forças Armadas.
Os civis envolvidos também poderão ser processados. Oficiais afirmaram que iriam interrogar o senador Gregorio Honasan -acusado de uma série de tentativas de golpe nos anos 1980. Existem ainda relatórios não confirmados sobre o envolvimento de simpatizantes do ex-presidente Joseph Estrada, que responde a um processo por corrupção.
Arroyo, uma economista de 56 anos, assumiu a Presidência quando seu predecessor, Estrada, foi forçado a renunciar por protestos em massa contra a corrupção, em janeiro de 2001.
Partidários de Estrada continuam desafiando a legitimidade de Arroyo como presidente. Uma das mais leais aliadas dos EUA na Ásia, Arroyo afirma que não irá concorrer nas eleições presidenciais de maio do próximo ano.

Com agências internacionais


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